Pra início de debate, devemos logo descartar essa tal fatalidade. Mortes podem e devem ser evitadas. Existem incidentes e acidentes, existem mortes prematuras, existem fatalidades, enfim, existem até mistérios envolvendo nossas vidas e nossas mortes. Mas nunca podemos perder de vista que existem dados científicos que desmentem muita fantasia acerca da morte.
O que eu tenho ouvido sobre essa chuva de granizo e rajadas de ventos que atingiram nossa região envolvendo o nome de Deus é horripilante. Falam em castigo de Deus, falam que as casas de evangélicos não foram atingidas...que isso é bíblico, que é o final dos tempo...
Catástrofes naturais, terremotos, maremotos, ciclones, vendavais, furacões, deslocamento de calotas polares, movimentações internas no próprio planeta, ora gente, isso sempre existiu. E isso sempre existiu desde que se tem notícia da existência do nosso planeta.
É claro, a população mundial avança, se por um lado as pesquisas científicas e tecnológicas avançam, por outro, também o avanço do homem sobre a natureza, com a destruição massiva e diária de fauna e flora, é uma realidade concreta, sem fantasmagorias. As grandes lavouras, o uso de agrotóxicos em larga escala, a morte de rios, arroios, envenenamento, transgenia, tudo isso trás embutido em si mesmo o germe da contradição dialética entre o desenvolvimento e o desequilíbrio ambiental.
Não adianta meter Deus num debate onde o responsável pelo desequilíbrio ambiental é o próprio homem. É evidente que há movimentação nas calotas polares, é claro que o clima está totalmente alterado. As grandes lavouras de arroz e as dragagens, as grandes drenagens para lavouras, os desmatamentos de árvores nativas e o plantio massivo de exóticas (eucaliptos e pínus)...alguém tem dúvidas de que o desequilíbrio ambiental é uma realidade?
É claro que uma cidade quando fica isolada por um temporal, (parece que domingo vem outro), gera-se uma sensação coletiva de pânico, isso é facilmente compreensível do ponto-de-vista psicológico; a falta de energia elétrica, o escuro, as casas descobertas, a falta de sinal telefônico e de internet...pronto, tá criado o caos.
É claro que a Bíblia fala em final dos tempos, eu sou evangélico, sei muito bem disso, parece até que descobriram a roda.
Na medida em que dominamos o nuclear, que enriquecemos o urânio para fins de fabricação da bomba atômica, está clara a contradição da sociedade mundial. E mais clara fica, ainda, com as pesquisas avançadíssimas para redefinição de uma matriz energética mundial, como o que está acontecendo com a busca pelo xisto betuminoso em detrimento do petróleo.
Por incrível que pareça, esse debate científico tem um fundo religioso, pois a raiz está no conflito judaico/cristão da Bíblia contra o Alcorão. Um, tem a tecnologia, outro, tem o petróleo. O oriente médio é uma bomba explosiva e é tolice acreditar em paz entre duas concepções religiosas cuja força motriz é econômica. Perigoso vai ficar mesmo quando o império cristão americano dominar o xisto e conseguir mesmo uma redefinição, saindo da dependência do petróleo.
O temos de concreto aqui em nossa região é um enorme desequilíbrio ambiental, é só olhar essas plantações malucas de eucaliptos no bioma pampa. Quem me lê, há anos, sabe que eu previ - em centenas de textos - que o desequilíbrio ambiental aqui em nosso meio, no pampa, seria catastrófico devido a alteração natural do bioma, com consequência direta em todo o ciclo das águas, rota dos ventos, condensação ... quanto mais baixa as nuvens, com toda a cadeia das águas alterada, há que se estranhar chuvas de pedras?
Somos uma sociedade de imbecis. Se aqui em Santiago plantam e jogam agrotóxicos ao redor da barragem que fornece água potável para a população de polis, o que esperar de quem aposta na usura com a alteração do bioma pampa plantando exóticas em busca de lucro fácil e fomento de uma concepção de fábrica de celulose obsoleta e mortífera?
Ainda tem muito debate pela frente, gente. Somos apenas um planeta, apenas um planeta, não conhecemos nada do buraco negro, da anti-matéria, nem temos consciência de como as águas serão envenenadas pelo xisto dos cristãos para contrapor ao petróleo dos islâmicos. Se aqui em nosso meio saudamos as plantações de eucaliptos, como redenção econômica para a região e desemprego zero, por aí já se tira uma noção de nossa consciência. Falando bem claramente, somos tolos.
Precisamos ter consciência da época em que vivemos, da população mundial, da questão da alimentação e da água mundial, do que produzimos, dos avanços e retrocessos, estudar mais, ler mais, e parar de manipular com o nome de Deus.
O planeta tem um limite, os recursos naturais, da mesma forma, a ação do homem desequilibrou tudo, e isso começou há 10 mil anos lá na Mesopotâmia e chegou até as lavouras do Capão do Cipó e Santiago ... é claro que mais dias, menos dias, a coisa vai estourar.
É dose, um pobre ter sua casa descoberta e ter que ouvir que isso é vingança de Deus.
Não sou um psitacista parafraseador, mas parafraseando Lucas, encerro: Perdoe-lhes Pai, eles não sabem o que dizem.