Só mesmo um poderoso instrumental de análise, a dialética, hegeliana e marxista, é capaz de explicar tantos descaminhos na rota do ensino superior em Santiago. Existem razões e contrarrazões em tudo, discursos sinceros construídos sob fundamentos falsos, discursos falsos em cima de fundamentos sinceros. A influência aristotélica é bucha e nossas construções de raciocínios, via de regra, são eivadas desses pressupostos teóricos. Como grassa o mecanicismo, sou quase incompreendido, mas gosto dos poucos que me compreendem. Toda unanimidade é burra mesmo.
Ninguém pode pensar a URI descontextualizada da realidade macro das concepções políticas e ideológicas do governo federal que pautam os rumos do ensino superior no Brasil. Quem ousa fazer esse tipo de raciocínio, ou é burro, ou faz por má fé ou nem devia estar metido em discussão sobre ensino superior, meritocracia, essas coisas.
Quem fala em voltar na URI de dez anos atrás, não sabe o que diz. A história anda para frente.
Que bom que esses estudantes resolveram abrir esse debate, de novo, em Santiago. Entende-se, a crise bateu no FIES.... Pena que outros sejam tão cordeirinhos e não sigam seus exemplos. Estudante existe é para incomodar, e quem não for, ao menos, espiritualmente, um revolucionário aos 20 anos, provavelmente será um canalha aos 40.
Diversas vezes, pessoas da sociedade me cobram uma opinião contundente sobre a URI, especialmente porque, em outras épocas, adotei uma posição crítica sobre dois assuntos específicos que envolviam nossa universidade. Primeiro, mesmo tendo sido crítico, nunca abdiquei das minhas posições mais amplas sobre o papel de uma universidade; segundo, ninguém ignora que fui um crítico sincero, minhas posições foram abertas e minhas divergências claras; terceiro, a URI não precisa apenas de adesões subservientes, até porque é na interação crítica que brotam os grande frutos; quarto, seria uma ingenuidade sem precedentes achar que tudo dentro da URI é perfeito, não se trata disso, a universidade está em vias de consolidação e muita coisa ainda precisa ser feito e muita coisa precisa ser transparente: a começar com os convênios com o Município, que ninguém sabe onde começam e nem onde terminam, passando pelo material da EMBRAPA trazido do centro tecnológico do Chapadão. Tudo são recursos públicos e tudo precisa ser claro.
Compreender o papel de uma universidade, muitas vezes, não é tarefa simples. O senso comum, em seus juízos primários, entende a universidade como uma mera fábrica de diplomas. Nada mais errôneo. A universidade propicia a socialização dos conhecimentos acumulados e, em seus desdobramentos, interage com a sociedade, gerando saberes distintos, ciência, tecnologia e ideologia. ( Friso, de antemão, que uso a expressão ideologia no sentido gramsciano, como visão integral de mundo, como ideia).
Aqui em Santiago, a produção de saberes acumulados tem propiciado um rico debate no seio da sociedade, até porque a universidade reflete, em seu bojo, uma pluralidade de ideias, embora sejam ideias todas medíocres dentro de uma mesma lógica, mas mesmo assim: quem não tem cão caça com gato. No debate sobre a transgenia ficou evidenciado este posicionamento e a despeito de posições divergentes, uns favoráveis e outros contra, brotou um consistente debate, visto que ambos os lados enriquecem o debate com posições teóricas bem fundamentadas. Outro debate que está surgindo com muita força dentro da universidade é o sobre a manipulação genética e pesquisas com células tronco; aqui, mais uma vez, um forte e apaixonante discussão está emergindo, com teses e argumentos enriquecedores. O recente pleito municipal também está começando um acalorado confronto do ideias dentro da universidade, com o ingrediente científico da ciência política, tão necessário para a politização, pois ninguém mais aceita a URI ser uma aparelho disfarçado do PP. E agora tem gente de peso no outro lado, se a URI local não se manifestar, vai respingar na URI na Reitoria, que começou pregando transparência e hoje virou uma espécie de governo PUTIN.
Os exemplos aqui citados, transgenia, células tronco, pleitos municipais, biotecnologia,... servem apenas para ilustrar a força ideológica que emerge de um centro de excelência, visto que ele cataliza tendências e serve perfeitamente para a produção de uma síntese, que, embora não seja de um todo superadora, o é, entretanto, das contradições que existem em toda a sociedade.
Nesse particular é notável a contribuição da universidade para a nossa sociedade, eis que ela enriquece sobremaneira na formação intelectual da cidade e da região, na medida em que acrescenta elementos críticos nos mais diferentes debates que emergem. Mas, é claro, ninguém entende as portas fechadas para o IFET e para a UNIPAMPA. Agora, com Temer, tchau.
Por outro lado, a inter-relação que se estabelece entre os saberes acadêmicos e os diferentes nichos sociais, resulta num saldo extremamente positivo para a sociedade como um todo. É claro que a universidade precisa ser aberta, democrática, aglutinadora de tendências e não autoritária em sua gestão, como é atualmente.
Mas isso tudo são considerações interna corporis, muito particulares, conquanto a universidade tem - sim - a ver com as decisões políticas do governo federal e também é necessário uma interação com os processos tecnológicos, tipo as aulas via satélite e toda essa gama de novas ferramentas que a telemática forneceu à sociedade pós-moderna.
A questão da política do governo federal
A URI foi concebida dentro de uma conjuntura política que mudou toda. Mudou a conjuntura, mas não a URI. Nos governos Collor, Itamar e FFHH, predominou a máxima do ensino privado e particular pari passu com o sucateamento do ensino público federal superior. Orientados por teses de Estado mínimo, não intervenção, o ensino superior público federal viveu o maior sucateamento de sua história. E a URI, gostem ou não, foi concebida nesse momento, sob os auspícios dessas ideologias. E assim foi projetada para um futuro brilhante, grandioso. A URI inseria-se nesse contexto de propagação do ensino privado/comunitário.
Entretanto, mudou o governo federal. )Agora, com Temer e o tucanato, pode ser que tudo mude de novo). Logo, mudaram-se as diretrizes, os enfoques, as linhas ideológicas. Agora, voltou a pauta os grandes incentivos públicos ao ensino superior gratuito. Não é difícil olhar ao redor de Santiago e ver que estamos cercados pela UNIPAMPA. Temos campi em São Borja, Alegrete, Itaqui, Uruguaiana, Quaraí, Rosário, São Gabriel, Bagé, Caçapava.
O que isso indica? Indica que o ensino superior público e gratuito está (por hora) na ordem do dia como orientação política do governo federal. E nem estou falando na UFFS aberta em Erechim, no coração da URI, e nem estou falando na universidade latinoamericana que vem aí estourando.
Paralelo a isso, surge com força, essa extraordinária concepção de ensino técnico e tecnológica representada pelos IFETs, com igual oferta de ensino superior normal, sequencial e tecnológico.
Mais uma vez os IFETs cercaram Santiago; o de São Vicente foi modernizado e reformulado, veio o Centro Chapadão, veio o de São Borja. E está surgindo a escola técnica federal em Santiago, com atraso.
Com essa oferta abundante de vagas na rede pública federal, mais os incentivos tipo PROUNI, somados aos IFETs, fica fácil compreender que essa explosão de vagas públicas afetou em cheio a URI e a sua concepção inicial de universidade, concebida nos idos de 91/92/93, quando todo o patrimônio de Santiago foi entregue de mão beijada para a FURI de Erechim.
Por outro lado, a modernidade tecnológica, expressa na telemática, engendrou o ensino superior a distância, os EADs, aulas via satélites, que abocanharam uma fatia expressiva do mercado de ensino superior. Nisso, o atraso da URI foi secular e a burrice asnal do seu staff abaixo de qualquer crítica.
Tudo isso afetou os planos de expansão da URI e a própria essência da concepção de ensino superior na qual ela foi gestada.
Ademais, mesmo o investimento na qualidade, que tantas vezes eu próprio defendi, como diferencial, acabou desmanchado pela forte crise que afetou as universidades particulares gaúchas. É só olhar os índices de aprovação nos exames de ordem da Católica de Pelotas, PUC, Unisinos, ULBRA, URI, UNIJUÍ ... e cotejar com a UFRGS e UFSM, que fica evidente a ausência de qualidade. Senão, como explicar que 71% dos alunos da UFSM são aprovados e apenas 13% da ULBRA conseguem tal aprovação? O que explica tamanha contradição? Os exames de Ordem só demonstram que o curso de Direito é mais um caça-níqueis do que qualquer outra coisa. Eu teria vergonha de chegar em Porto Alegre dizer que era professor da URI. Professor tem que ter vergonha e não fazer de conta que o problema não é dele, transferir a culpa para os alunos, para o bar do Brauner....Isso é tomar a sociedade por boba, em qualquer lugar que tem faculdade, também têm os relapsos, os bares ... Não venham com desculpas esfarrapadas. Isso é conversa com aluninhos bobos que não sabem diferenciar uma tomada elétrica de focinho de porco.
É lástima que o debate sucessório na URI tenha sido tão pobre. Eu queria ver troca de ideias, teses, propostas.
Ninguém pode pensar a URI descontextualizada da realidade macro das concepções políticas e ideológicas do governo federal que pautam os rumos do ensino superior no Brasil. Quem ousa fazer esse tipo de raciocínio, ou é burro, ou faz por má fé ou nem devia estar metido em discussão sobre ensino superior, meritocracia, essas coisas.
Quem fala em voltar na URI de dez anos atrás, não sabe o que diz. A história anda para frente.
Que bom que esses estudantes resolveram abrir esse debate, de novo, em Santiago. Entende-se, a crise bateu no FIES.... Pena que outros sejam tão cordeirinhos e não sigam seus exemplos. Estudante existe é para incomodar, e quem não for, ao menos, espiritualmente, um revolucionário aos 20 anos, provavelmente será um canalha aos 40.
Diversas vezes, pessoas da sociedade me cobram uma opinião contundente sobre a URI, especialmente porque, em outras épocas, adotei uma posição crítica sobre dois assuntos específicos que envolviam nossa universidade. Primeiro, mesmo tendo sido crítico, nunca abdiquei das minhas posições mais amplas sobre o papel de uma universidade; segundo, ninguém ignora que fui um crítico sincero, minhas posições foram abertas e minhas divergências claras; terceiro, a URI não precisa apenas de adesões subservientes, até porque é na interação crítica que brotam os grande frutos; quarto, seria uma ingenuidade sem precedentes achar que tudo dentro da URI é perfeito, não se trata disso, a universidade está em vias de consolidação e muita coisa ainda precisa ser feito e muita coisa precisa ser transparente: a começar com os convênios com o Município, que ninguém sabe onde começam e nem onde terminam, passando pelo material da EMBRAPA trazido do centro tecnológico do Chapadão. Tudo são recursos públicos e tudo precisa ser claro.
Compreender o papel de uma universidade, muitas vezes, não é tarefa simples. O senso comum, em seus juízos primários, entende a universidade como uma mera fábrica de diplomas. Nada mais errôneo. A universidade propicia a socialização dos conhecimentos acumulados e, em seus desdobramentos, interage com a sociedade, gerando saberes distintos, ciência, tecnologia e ideologia. ( Friso, de antemão, que uso a expressão ideologia no sentido gramsciano, como visão integral de mundo, como ideia).
Aqui em Santiago, a produção de saberes acumulados tem propiciado um rico debate no seio da sociedade, até porque a universidade reflete, em seu bojo, uma pluralidade de ideias, embora sejam ideias todas medíocres dentro de uma mesma lógica, mas mesmo assim: quem não tem cão caça com gato. No debate sobre a transgenia ficou evidenciado este posicionamento e a despeito de posições divergentes, uns favoráveis e outros contra, brotou um consistente debate, visto que ambos os lados enriquecem o debate com posições teóricas bem fundamentadas. Outro debate que está surgindo com muita força dentro da universidade é o sobre a manipulação genética e pesquisas com células tronco; aqui, mais uma vez, um forte e apaixonante discussão está emergindo, com teses e argumentos enriquecedores. O recente pleito municipal também está começando um acalorado confronto do ideias dentro da universidade, com o ingrediente científico da ciência política, tão necessário para a politização, pois ninguém mais aceita a URI ser uma aparelho disfarçado do PP. E agora tem gente de peso no outro lado, se a URI local não se manifestar, vai respingar na URI na Reitoria, que começou pregando transparência e hoje virou uma espécie de governo PUTIN.
Os exemplos aqui citados, transgenia, células tronco, pleitos municipais, biotecnologia,... servem apenas para ilustrar a força ideológica que emerge de um centro de excelência, visto que ele cataliza tendências e serve perfeitamente para a produção de uma síntese, que, embora não seja de um todo superadora, o é, entretanto, das contradições que existem em toda a sociedade.
Nesse particular é notável a contribuição da universidade para a nossa sociedade, eis que ela enriquece sobremaneira na formação intelectual da cidade e da região, na medida em que acrescenta elementos críticos nos mais diferentes debates que emergem. Mas, é claro, ninguém entende as portas fechadas para o IFET e para a UNIPAMPA. Agora, com Temer, tchau.
Por outro lado, a inter-relação que se estabelece entre os saberes acadêmicos e os diferentes nichos sociais, resulta num saldo extremamente positivo para a sociedade como um todo. É claro que a universidade precisa ser aberta, democrática, aglutinadora de tendências e não autoritária em sua gestão, como é atualmente.
Mas isso tudo são considerações interna corporis, muito particulares, conquanto a universidade tem - sim - a ver com as decisões políticas do governo federal e também é necessário uma interação com os processos tecnológicos, tipo as aulas via satélite e toda essa gama de novas ferramentas que a telemática forneceu à sociedade pós-moderna.
A questão da política do governo federal
A URI foi concebida dentro de uma conjuntura política que mudou toda. Mudou a conjuntura, mas não a URI. Nos governos Collor, Itamar e FFHH, predominou a máxima do ensino privado e particular pari passu com o sucateamento do ensino público federal superior. Orientados por teses de Estado mínimo, não intervenção, o ensino superior público federal viveu o maior sucateamento de sua história. E a URI, gostem ou não, foi concebida nesse momento, sob os auspícios dessas ideologias. E assim foi projetada para um futuro brilhante, grandioso. A URI inseria-se nesse contexto de propagação do ensino privado/comunitário.
Entretanto, mudou o governo federal. )Agora, com Temer e o tucanato, pode ser que tudo mude de novo). Logo, mudaram-se as diretrizes, os enfoques, as linhas ideológicas. Agora, voltou a pauta os grandes incentivos públicos ao ensino superior gratuito. Não é difícil olhar ao redor de Santiago e ver que estamos cercados pela UNIPAMPA. Temos campi em São Borja, Alegrete, Itaqui, Uruguaiana, Quaraí, Rosário, São Gabriel, Bagé, Caçapava.
O que isso indica? Indica que o ensino superior público e gratuito está (por hora) na ordem do dia como orientação política do governo federal. E nem estou falando na UFFS aberta em Erechim, no coração da URI, e nem estou falando na universidade latinoamericana que vem aí estourando.
Paralelo a isso, surge com força, essa extraordinária concepção de ensino técnico e tecnológica representada pelos IFETs, com igual oferta de ensino superior normal, sequencial e tecnológico.
Mais uma vez os IFETs cercaram Santiago; o de São Vicente foi modernizado e reformulado, veio o Centro Chapadão, veio o de São Borja. E está surgindo a escola técnica federal em Santiago, com atraso.
Com essa oferta abundante de vagas na rede pública federal, mais os incentivos tipo PROUNI, somados aos IFETs, fica fácil compreender que essa explosão de vagas públicas afetou em cheio a URI e a sua concepção inicial de universidade, concebida nos idos de 91/92/93, quando todo o patrimônio de Santiago foi entregue de mão beijada para a FURI de Erechim.
Por outro lado, a modernidade tecnológica, expressa na telemática, engendrou o ensino superior a distância, os EADs, aulas via satélites, que abocanharam uma fatia expressiva do mercado de ensino superior. Nisso, o atraso da URI foi secular e a burrice asnal do seu staff abaixo de qualquer crítica.
Tudo isso afetou os planos de expansão da URI e a própria essência da concepção de ensino superior na qual ela foi gestada.
Ademais, mesmo o investimento na qualidade, que tantas vezes eu próprio defendi, como diferencial, acabou desmanchado pela forte crise que afetou as universidades particulares gaúchas. É só olhar os índices de aprovação nos exames de ordem da Católica de Pelotas, PUC, Unisinos, ULBRA, URI, UNIJUÍ ... e cotejar com a UFRGS e UFSM, que fica evidente a ausência de qualidade. Senão, como explicar que 71% dos alunos da UFSM são aprovados e apenas 13% da ULBRA conseguem tal aprovação? O que explica tamanha contradição? Os exames de Ordem só demonstram que o curso de Direito é mais um caça-níqueis do que qualquer outra coisa. Eu teria vergonha de chegar em Porto Alegre dizer que era professor da URI. Professor tem que ter vergonha e não fazer de conta que o problema não é dele, transferir a culpa para os alunos, para o bar do Brauner....Isso é tomar a sociedade por boba, em qualquer lugar que tem faculdade, também têm os relapsos, os bares ... Não venham com desculpas esfarrapadas. Isso é conversa com aluninhos bobos que não sabem diferenciar uma tomada elétrica de focinho de porco.
É lástima que o debate sucessório na URI tenha sido tão pobre. Eu queria ver troca de ideias, teses, propostas.
Uma sacudida é necessária, protestos estudantis, gente cricri, isso é muito bom. Santiago precisa disso. E também precisa de promotores e juízes independentes, pois um juiz e promotor que dá aulas na universidade não tem isenção alguma para julgar ou emitir um parecer que envolva esses conflitos que estão surgindo. Não estou falando de ninguém particularmente, estou genericamente dando minha opinião e não escrevo para agradar a ninguém. É claro, o exercício do magistério por parte desses agentes políticos tem factibilidade constitucional. Mas - então - que se declarem impedidos de julgarem matérias que envolvam a universidade que lhes paga. Do contrário, fica ridículo.
ANOTEM:
O furo bala é muuuuuiiiiittto mais embaixo; recebi uma farta documentação, não sei se verdadeira ou apócrifa, de alguns convênios. Como tudo me veio enviado - anonimamente - vou entregar no Ministério Público e pedir para conferir com a documentação original ... ou o Município e a URI que tornem tudo público e transparente.