Eu ainda não ouvi a manifestação do Bueno, PT, na rádio Santiago. Ontem, ouvi a de Guilherme e hoje o amigo Luciano enviou-me, pelo face, a participação de Tiago.
São discursos distintos, embora centrados em temáticas afins, a diferença é notória.
Guilherme deu ênfase a sua experiência na vida pública, destacou o fato de ter sido vereador e secretário de agricultura. Em outras palavras, deu destaque a sua pessoa. Ademais, centrou muito em investimentos, fez uma defesa de aposta na geração de empregos e rendas, reafirmou compromissos de alguns programas que já existem, mas, de uma forma geral, não desceu às particularidades. Diria que foi muito genérico.
Tiago, ao contrário, não deu ênfase algum a si próprio, apenas nominou a si e Cláudio Cardoso e desceu nos propostas propriamente ditas. Bem diferente da generalidade do discurso de Guilherme, foi mais didático e explicativo, entrou nos pormenores, em vários pormenores. Reafirmou os compromissos de todos os programas já existentes, só não enfatizou, com grau de precisão, para o ouvinte, seu compromisso com a instalação de fábricas locais e de fora e nem tocou no contingente migratório de Santiago para a Serra e região celeira. Nisso, Guilherme deu mais ênfase, citando explicitamente as famílias que deixam Santiago.
São duas linhas discursivas bem distintas. Tiago quer manter o que é como está. É um discurso localista, voltado para dentro de si mesmo, e mesmo onde propõem mudanças, são mudanças para dentro, tipo o horário de creches, mais pediatras e mais 3 creches até novos arranjos produtivos locais.
Guilherme - afora ter centrado no emprego - propôs um posto de pronto atendimento, defendeu desafogar a emergência e urgência do HCS. Entrou num discurso complicado de triagem, nos ESFs, do paciente envolvendo os agentes de saúde e enfermeiros. É um discurso correto, mas que o povão não entende. O povo que saber é do médico, do remédio e os médicos querem é saber dc um plano de carreira. Nisso, nenhum tocou e ambos deixaram a desejar. Também, nenhum tocou na desburocratização dos ESFs.
Tiago deu ênfase, também, a questão da moradia, defendendo reformas e construção de novas unidades habitacionais.
O curioso, da mesma forma, é que nenhum dos dois falou que têm fechar boa parte dos ESFs, que estão um caos e objeto aberto de críticas da população.
Na questão da saúde, Guilherme foi exitoso ao propor um "Prontão" de atendimento com distribuição local de medicamentos. Nisso, Tiago não tocou. Aliás, na área de saúde Tiago foi muitíssimo genérico, embora se saiba que Ana Souto cai no outro dia após sua posse, em caso de eventual vitória. Ao meu ver, ele não quer defender o indefensável. Aliás, especulações é que não faltam dos dois lados. Sendo Tiago, vitorioso, Ruivo será secretário de saúde, Toninho de agricultura (imposição de Cláudio Cardoso) e Felipe Pinto vai para a Procuradoria.
É bem difícil cotejar as falas de ambos os lados. Na saúde, Guilherme foi mais específico. Tiago, não foi tão bem assim, embora tenha levado uma vantagem enorme ao bater na questão da falta de pediatra.
O meio rural, foi objeto de atenção de ambos. Sabendo ser o forte de Guilherme, Tiago bombardeou de propostas o meio rural.
Na educação, Tiago foi mais específico, centrando na educação infantil e assumindo abertamente compromissos com mais creches e mudando o horário de atendimento, defendendo ampliação dos horários.
Na geração de empregos, Guilherme foi mais detalhista.
De qualquer forma, são dois discursos se chocam em muitos aspectos e são coincidentes em outros tantos. A diferença que notei, como ouvinte, neutro, é que em alguns pontos Tiago foi mais específico e Guilherme, genérico. O compromisso com o emprego e rendimentos, agregação de valores, tem uma diferença substancial, o discurso de Tiago é mais cauteloso, o de Guilherme é mais ousado, nem poderia ser diferente, um é situação e outro é oposição e - nesse contexto - tudo faz sentido.
Foi um monólogo, sem contraponto, sem questionamentos. Cada um disse o que pensa. Só num debate com perguntas, réplicas e tréplicas é que afluirão as diferenças e será possível indicar quem venceu e quem tem as melhores propostas. Assim, fica tudo muito vago. E também a imprensa precisa de entrevistadores cricris que arranquem posições dos candidatos. Do contrário, será um chá de comadres, já não chega a apatia, não teremos empolgação e nem paixão.
Quando eu receber o discurso de Bueno, analisarei-o, da mesma forma.