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Channel: JÚLIO PRATES
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Valeu pai

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Mais um dia em minha vida. Rodei 440 kms para uma audiência em Itaqui. Como a outra parte deixou de comparecer, foi tudo frustrado. 

Estou numa marcha contra o tempo, por razões que não cabe estar discutindo. Mas creio que a cada dia que se passa, vejo mais presente o assassinato definitivo de minha condição paterna. 

De qualquer forma, fiquei até aqui. Nos doze anos de relação com minha então companheira, fiz o possível e o impossível, pela dignidade da vida, pelos estudos, pelo crescimento moral e relativa a nossa família e à cidadania. 

Minha filhinha foi separada de mim aos 4 anos. Dois anos já se passaram. Sei o pai que fui para ela, dei-lhe dedicação, amor, carinho e afeto. Quando tudo fugiu do meu controle, passei a pagar o preço. 

Deus, que tudo sabe e tudo vê, sabe o que eu fiz e o que eu deixei de fazer. Lutei para valorizar minha família. Quis honrar minha filha e deixar sementes de amor e orgulho dela para comigo. 

Hoje, eu dirigia de volta, de Itaqui a São Borja, voltando para Santiago, e chorava um choro estranho...Eu não tenho mais lágrimas, apenas um sufoco no peito, um sentimento estranho, uma sensação de morte anunciada. 

Morte, bem, sobre morte eu já falei no arcano sem nome. O devenir chegou e com o ele o vir-a-ser deixou de ser e ja é. 

Eu gosto muito daquela máxima de Fernando Pessoa: "tudo vale a pena quando a alma não é pequena". Com isso, eu sou muito grato e tantas e tantas pessoas que interagem comigo, com meus amigos e amigas. 

Dei minha contribuição para nossa sociedade tanto quanto possível e sei bem da expressão dessa interação pelos acessos do meu blog. Agi sempre com carinho, com crença e com responsabilidade. Eu estou com um ferimento físico, o qual vou precisar tratar, e com um outro ferimento horrível, que é na minha alma. Desde que eu perdi minha família, perdi o contato com minha filhinha, as forças da destruição foram maiores que eu, e passei e enfrentar uma situação contra a qual eu não sei lutar e nem reagir. Tentei. Hoje foi mais uma viagem. Embora tudo infrutífero, foi de coração, com amor, com alma ...

Como diz a Nina, valeu pai.  

Se valeu ou não, nunca saberei. Só Deus e o tempo poderão nos dizer se valeu a pena ou não. De minha parte, fiz por valer a pena, sempre agi com a alma grande, com espírito de fé, com crença e com uma aposta limpa e pura na razão. 

Não culpo ninguém, exceto eu próprio. O errado fui eu e o responsável sou eu, quem deve pagar sou eu. 

Nota de Esclarecimento

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Na condição de Procurador Jurídico do PMDB, Unistalda, credenciado perante da Justiça Eleitoral, fui chamado na noite do último dia 03 do corrente, para uma reunião com vereadores eleitos, mais dirigentes partidários, para transmitirem-me um relato do acontecido com um jovem que recebeu um cheque pré-datado de 200 reais, por uma suposta compra de votos. Ademais, havia outros ingredientes que envolviam ameaças.

Posteriormente, viemos em mais doze pessoas para uma reunião em meu escritório, para ouvirmos o relato do jovem.

O mais assustador nisso tudo é que ele, após sair da delegacia de polícia, quando fazia o registro de ocorrência do acontecido, foi forçado a gravar um segundo vídeo, desmentindo-se, pedindo desculpas e tudo mais que será devidamente avaliado. Ele levou-nos no local para onde foi conduzido e deixou bem claro, inclusive, que é votante em Santiago. Porém, ao ser abordado, em Unistalda, e ante a oferta em recompensa financeira, ficou quieto para pegar o dinheiro e não revelou que era eleitor em Santiago e não em Unistalda, onde ele apenas estava no dia da eleição. 

Eu não sou investigador. Sou advogado do Partido e fiz meu dever de acompanhá-lo e ouvi-lo, sendo que reafirmo que o relato do jovem sobre o segundo vídeo, feito sob ameaça, na calada da madrugada, e gravado por um Policial Militar, de forma totalmente arbitrária e a revelia de suas funções e deveres legais e constitucionais, é algo assombroso e assustador.

Torno público que encaminhei as gravações à comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e hoje a tarde, as 14 horas, vou sozinho ter uma reunião com o comandante da Brigada Militar local.

Por outro lado, comuniquei a comissão de prerrogativas da OAB para que seja avaliado a interferência de agentes do Estado no exercício de minhas prerrogativas legais e constitucionais de Advogado e para que se tomem as devidas providências.

Brigada Militar

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Major Noé Costa, que já atuou o setor de inteligência. Hoje, comanda o  5º R.P.Mon


Estive um bom tempo, nessa tarde, reunido com o Major Noé, comandante do 5º R.P.Mon e com o capitão Sílvio, meu prezado amigo de longos anos.            

Conversamos muito. O comandante Noé Costa é santiaguense da gema, homem finíssimo, educação refinada. Oficial superior com carreira em ascensão dentro da BM.

Dei um breve depoimento e aproveitamos para trocar idéias sobre Santiago, nossas gerações, juventude, estudos. 

Foi uma tarde prazerosa em companhia de pessoas tão especiais e amáveis, a quem eu agradeço a deferência. 

O mistério das FARCs e o furacão como castigo divino

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O prêmio nobel recebido por Santos reacendeu todo o debate sobre as FARC - Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.

A grande questão que há anos se pergunta: como uma grupo de guerrilheiros armados controla uma parte do país, já houve dezenas de embates e tudo continua intacto?

Até as pedras da Colômbia sabem das incursões institucionais e para-estatais no combate a Guerrilha. Missões envolvendo agentes da CIA e do MOSSAD já foram tentadas aos montes. 

Dias atrás, meses atrás, na verdade, conversava com um alto oficial mossadista e ele me dizia que era quase impossível derrotar as FARCs. Segundo ele, existem vários comandos paralelos, ninguém sabe identificar com precisão onde está o núcleo central do poder, e tudo está muito enraizado na população, que dá guarida, legitimidade e participa como se das Forças Armadas fosse. A rigor, não existe solução, exceto um grande genocídio que envolvesse crianças e anciões. Só que aí a ação seria insustentável perante a opinião mundial.

De qualquer forma, hoje, o assunto FARCs, ao lado do furacão, mais um, que atingiu o Haiti, tomaram conta dos noticiários mundiais. 

Os profetas do apocalipse vão associar tudo ao vudu e dizer que é castigo de Deus. Pobre povo, depois de tantas catástrofes, ainda terem que aguentar que a tragédia da natureza é castigo de Deus. 

O que rola na net de mensagens pastorais afins não é mole não. Sei lá, eu penso em Deus como Deus de amor, não de ódio, vingança, revanche e castigo. Queria ter a sabedoria desses pastores para chegar a essa conclusão. 

E por que não? O pastor-deputado Feliciano já disse que a África é amaldiçoada por Deus. O que eu li e assisti de vídeos sobre o castigo divino sobre o Haiti ... e vem mais furacões. 

 

 

 

 

A crônica do fim anunciado dos IFETs

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O jornal do almoço, RBS-TV de Santa Maria, hoje, foi quase todo ele em cima dos protestos de estudantes, professores e servidores do Instituto Federal Farroupilha contra os cortes de verbas para a educação e atrasos já concretizados. 

Sei do verdadeiro pânico que está instalado na região. Isso tudo não é surpresa, quantas vezes escrevi no meu blog sobre essa tendência.

E mais: isso é só o início. Eu recebi um estudo do editor do Valor Econômico onde são demonstrados os números dos investimentos nos IFETs e fraco desempenho dos seus estudantes, caso que não justifica mais a manutenção da política educacional de ensino técnico e tecnológico por parte do governo federal. 

A tendência é fecharem várias unidades em 22 estados da federação. Em outras palavras: está assinado o decreto branco de fechamento dos IFETs. 

Isso era uma crônica anunciada. Uma obviedade. Por isso que eu sustento, isso que está acontecendo, que pautou o noticiário da RBS/TV era previsível, estava cantada a pedra. 

E não tenho a menor dúvida que tais cortes, vão atingir essa gama de universidades federais criadas pelos governos Lula e Dilma. 

Se por um lado, o governo do PT bancou e pagou para ver, para outro, não houve sustentação popular ao governo do PT para manter essas conquistas. Pais com filhos no IFF eram todos, em sua maioria absoluta, pelo impeachment e não souberem ler o recado das proposições que emergem de São Paulo, onde toda a grande imprensa pugna até pela privatização da USP. 

Agora, por outro lado, precisamos ser coerentes. Os IFETs não mostraram para o que vieram. Os resultados dos indicadores que medem qualidade de ensino são ridículos. O desempenho dos alunos dos IFETs são pífios. Não há entrosamento e nem projetos com a sociedade civil. Ora, com Mestres e Doutores tão bem pagos, com tanto dinheiro público enterrado nessa concepção de ensino, há indícios claros de que algo está muito errado. É uma mamação sem precedentes e sem se preocuparem em ofertar uma contrapartida para a sociedade. Assim, fica difícil até de sustentar a defesa dos IFETs. Eu sou professor concursado e aprovado do IFET, embora - por opção - não assumi a vaga. Mas isso não me isenta da ler a realidade com olhos críticos. 

O que está acontecendo é a emergência da uma crônica anunciada. É apenas o começo. Não sei se em dois anos conseguem desmantelar tudo. Talvez com uma eventual vitória de Ciro Gomes, PDT, se consiga manter alguma coisa. Agora, se o PSDB ganhar a eleição presidencial de 2018, aí sim vem um longo período de redefinições no ensino médio e superior. 

Esses cortes que fizeram para o pessoal que está no exterior em doutorados e doutorado sanduíche, é vergonhoso até para a nação, mas é uma realidade. Fazer o quê? Alguém precisa pagar a conta .

A imprensa paulista é quem lidera a pressão contra as universidades federais e contra os IFETs. É fogo cerrado. 

Sem ilusões. Urge que entendamos a emergência dessa nova realidade.


Beijos, reações iradas ... prefiro uma torada com coca-cola

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Essa matéria sobre o IFET, especialmente o IFF, nosso aqui, deu uma onda de mais de 10 mil acesso num trecho da tarde. Reações iradas, reações ponderadas, fúria, amor, interação ... deu de tudo.

O bom é que não escrevo para agradar a ninguém. Nem peço para ninguém ler meu blog. Lê, quem quer. Nem peço que concordem ou discordem de mim. Não peço opiniões e nem me interessa o que os outros pensam, não sigo o efeito manada e nem tenho medo de trafegar na contramão. 

E-mails, xingões, críticas depreciativas, tudo, perda da tempo. Meus juízos são formulados a partir de minha base teórica, das leituras e conclusões. O resto ... Lutei pela liberdade de expressão no país, por isso não sou maneteado por partidos políticos e nem por grupos ideológicos.  

Não percam tempo comigo. 

É tão simples. Não leiam o que eu escrevo. E nem se perturbem, se pensam diferente.
  

O convívio com a intolerância e a espera de um rumo

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O jornalista, o escritor ou um cidadão qualquer que se expõe, através da escrita, é sempre o alvo preferido das críticas e dos ataques. Esse sempre dividi opiniões. Por isso, está sempre no epicentro dos furacões. Isso acontece aqui em Santiago, em Porto Alegre, em São Paulo, Brasília e qualquer lugar do mundo. Acompanho blogs de outros países e existem blogueiros presos, outros condenados a morte, especialmente nos países árabes. Existem escritores condenados a viverem escondidos, como é o caso de Salman Rushdie, autor de Versos Satânicos, cuja morte foi decretada pelos aiatolás. 

Nós temos blogueiros, no Brasil, que por defenderem uma ideologia respondem a mais de 300 processos, que é o caso do Amorin, que bateu de frente com a Polícia Federal, Ministério Público Federal e Poder Judiciário. 

Processo ainda não é nada, embora seja uma enorme restrição à liberdade de expressão e manifestação de pensamento. Em história local recente, todos lembram bem o que fizeram comigo no blog do saudoso Tide Lima, postagens apócrifas, acusações de todos os lados. Meu crime: minha empresa jurídica prestava serviços para a Prefeitura administrada pelo PP. Tudo tinha nota fiscal emitida, tributos recolhidos e mesmo assim o linchamento era diário. Eu só tinha uma opção: resistir, resistir, resistir e resistir. 

Recentemente, com a campanha de Guilherme enfrentei de novo a intolerância, o radicalismo de direita (no tempo do Tide eu enfrentada o radicalismo de esquerda). Aliás, eu já tenho um juízo formado sobre essa oposição que o amigo Guilherme quer manter unida. É óbvio, que, se quiserem, mantém um grupo unido. Mas será um grupo sectário, sem cabeças arejadas, preconceituoso, direitista raivoso, anti-popular e que levará o nada a lugar nenhum. Será a repetição de um erro monumental. 

Um grupo como Guilherme propõe precisa ter ramificações nas bases populares, é preciso adotar práticas de esquerdas na busca do controle da hegemonia da sociedade santiaguense, daí ser imprescindível a presença do setor esquerda do PDT, PSB e PT. 

Soube de uma decisão de um grupo de petistas locais. Iniciar um trabalho de base desde logo, voltar-se aos sindicatos e associações de moradores. Voltar a reconstruir o PT nas velhas bases. Conclusão: a oposição ao PP já se rearticula dividida. Um lado, à esquerda; outro lado, à direita. Tiago vai para reeleição em 2020 com o quadro já desenhado de 3 candidaturas. 

Durante o pleito, quando eu dizia que o PP estava forte nas classes C, D e E eu era quase linchado pela intolerância. Certa tarde, um amigo, Flávio de Almeida Medeiros, que mora na Rua Marechal Deodoro 430, em Santiago, esteve no comitê do Guilherme atrás de mim. Ele queria falar sobre uma Pesquisa na Bossoroca. 

Sabe o que disseram para ele:

- Nós corremos o Júlio Prates daqui.

Esse é o pensamento intolerante, radical, boçal, pois quem protagonizou a candidatura de Guilherme, quem peitou todos os grandes enfrentamentos com o PP, sozinho, fui eu. Não houve coadjuvantes, apenas eu. Só que monitorando a situação com Pesquisas, essas indicavam Tiago na frente. E eles ficam furiosos comigo. Eu era o pessimista, o negativista. 

Na prática, não era nada disso. Eu era apenas honesto em passar a realidade que os entrevistadores colhiam na pesquisa de campo. Todas as pesquisas que eu realizei, desde janeiro, em todas, em termos absolutos,  Tiago sempre aparecia acima dos 50%, sem exceção. A culpa era minha? 

Esse exemplo sintetiza bem a extensão da intolerância e de não sabermos conviver com o contraditório. 

Eu terminei dois romances, cujos originais estão com minha sobrinha, em São Paulo. Estou produzindo um material sobre alienação parental por dentro do aparelho do Estado, antemão sei da imensa dor de cabeça que arrumarei, mas o assunto precisa ser levantado, documentado e provado. 

O Dr. Ruy Gessinger, um desembargador experiente, foi delegado de polícia, tem me alertado, insistentemente, que eu corro risco de vida. Sei disso. Mas é o custo que eu pago por ser livre por atuar com liberdade. 

Tenho certeza que meu ciclo aqui em Santiago chegou ao fim. Esperava nessa audiência frustrada de quinta-feira definir, judicialmente, a questão da minha filha. Como será marcada uma nova audiência, terei que aguardar por ela, só aí eu tomarei minha decisão definitiva. O que o poder judiciário definir, definirá também meu destino. Meu destino se liga ao futuro da Nina e ao que o poder judiciário definir. Para mim, tanto faz como tanto fez. Estou pronto para a vida e para a morte. Tanto faz. 

Crônica de um final de semana no bioma pampa

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Jesus Cristo
Duvido que exista alguém mais fã de Jesus Cristo que eu. Afora as construções discursivas do judaísmo, Cristo é um personagem histórico fantástico. Era um encrenqueiro de marca maior. Enchia o saco dos rabinos ortodoxos, via o judaísmo por um outro ângulo, gostava de mesa farta, almoços e jantares entre amigos. Perturbava o império romano, não se submetia às leis e afrontava as autoridades, tanto judaicas quanto romanas. Se na sua época houvesse blog, com certeza, seria um blogueiro.

Mas Jesus Cristo era mesmo o cara. Inteligente, sagaz, andava sempre com Madalena, sabidamente uma prostituta. É evidente que havia amor entre ambos. Cristo estava muito além dos pudores da ética judaica. É muito provável que tenha tido filhos e é muito provável que exista ainda a linhagem de sua descendência. E não sou fã de Dan Brouw.

Tal foi seu nível de provocação de Cristo, que terminou no madeiro. O resto, Saulo de Tarso se encarregou de ampliar o discurso restrito de Cristo, voltado apenas aos judeus. Saulo disse que ele veio para os seus, mas os seus o rejeitaram, porém todo aquele que o aceitar (aceitar a pregação de Cristo), independente de ser judeu ou não, lhe será dado o direito de ser chamado filho de Deus. Saulo, na verdade, abriu o leque do judaísmo restrito de Cristo e levou para Roma e outros tantos rincões e reinterpretação do discurso de Cristo. O cristianismo que nós seguimos, católicos e evangélicos, ortodoxos e luteranos, são oriundos de pequenas seitas judaicas. Apenas isso.

Há dias, leio uma Bíblia velha de 1929. Como eu conheço Cabala e tenho suporte de Valdomiro Lorenz, descubro fácil os bretes de gênesis. Leio com olhos de lince o velho testamento. 

Hoje, almocei no Batista,  comi um churrasco com carne bem torradinha, e vim para a gráfica e editora Qualigraf.

Peguei a Bíblia, sentei-me no portal e fiquei ali lendo, acreditem, gênesis. 

Como sempre faço o mesmo ritual, após o meio-dia, após o almoço, sento-me no mesmo local. Pego o sol de frente, e é agradável ler naquelas condições. 

Todos os dias, durante a campanha eleitoral, sempre tirava um tempo para sentar nesse local e no sol. Sistematicamente,  também via uma moça, muito bonita, alta, esguia, elegante, descer em direção a um local de encontro entre casais sedentos por sexo. É claro, cedo percebi seu roteiro e sua atividade.
  
Coronel Itacir Flores, ser humano maravilhoso
Hoje. Lia a bíblia. O telefone toca. Era meu amigo Coronel Itacir Flores. Nisso, ela desce. Vê-me sentado no mesmo local. Nunca me dirigi a ela, até porque sempre a respeitei, entendendo, é claro, sua profissão.

Como eu acabara de desligar o telefone; hoje, não sei o que deu nela. Dirigiu-se a mim e perguntou: o senhor é crente? 

Respondi que sim, que era evangélico.

Ela me disse: - Eu sempre vejo o senhor lendo a Bíblia. 

Convidei-a para sentar comigo. 

Ela sentou-se. Contou-me aspectos de sua vida. Falou-me que ela tem vontade de seguir uma Igreja, que tem 25 anos, que tem curso superior, e que eu a podia chamar por Lisi. 

Aí eu tive que rir. 

Se existe pessoa que parece ter um imã para atrair desajustados, sou eu. 

Lisi é muito linda, tem um rosto numa simetria perfeita. A Renata adoraria desenhar o rosto dela. Um corpo esbelto, como raros. 

Blogueiro e pai desesperado
Eu contei-a então que morava sozinho, que minha ex-esposa também era Lizi, com z. 

Aí ela me contou que perguntou para o dono do local quem era eu. Ela já sabia que eu era um advogado e jornalista. 

É claro, foi uma breve conversa. 

Logo ela se foi para o seu trabalho e eu fiquei ali. Parei de ler e fiquei pensando. Puxa vida, eu sou pai, eu tenho uma filha. 

Senti muita dor por aquela moça. Não demonstrei, mas ela me marcou profundamente. 

Pula no tempo ...

Eu vivi uma semana completamente atípica. 

Não contei nada ainda sobre a audiência que não houve, em Itaqui. Mas houve um fato completamente novo, o qual eu fiquei amadurecendo dentro de mim. 

Eu sei que grandes transformações estão em curso em minha vida. 

Nina, na minha mesa de trabalho
Entro na sala de audiências, Eliziane não veio. O juiz me diz que vai ter que suspender tudo. Mas noto que o promotor Vitassir não está mais no caso e conheço, pela primeira vez, a nova promotora de infância e da juventude. Noto que é moça, bastante jovem, Dra. Michele Taís Dumke Kufne, advogada, formada pela URI. 

Ela falou bastante. Falou muito. Dirigiu-se sempre a mim, na frente da Dra. Patrícia Busato, defensora pública, aliás, minha oponente, mas uma mulher muito talentosa. Para minha absoluta surpresa, Dra. Michele Taís - sei lá se querendo ou não - expôs sua posição sobre a Nina. Meus Deus, ela disse exatamente o que eu sempre disse ao longo desses dois anos de martírio. Depois de levar pauladas e pedradas de todos os lados, eis que finalmente ouço do Ministério Público justamente aquilo que eu sempre disse sobre a retirada da Nina para o interior. 

Não sei o que vai acontecer. Mas fiquei feliz em ouvir alguém realmente preocupado com a infante, com a lei e não interessada em revanches ou algo similar de gênero.

Fiquei com o peito sufocado, com uma dor muito forte pela frustração da audiência, mas alimentei um pequeno consolo, justamente pelo diagnóstico jurídico dessa jovem e iniciante Promotora. Ela foi certeira, perfeita, mirou no alvo, está coberta de razão.É claro, não posso dar detalhes devido ao sigilo de justiça que envolve um caso de família e uma infante. 

Dra. Camila Cogoy, minha psicóloga
Ontem, eu contei tudo a minha psicóloga, Dra. Camila Cogoy. Camila é uma psicóloga totalmente diferente. Quando eu digo que não se deve subestimar ninguém (falei isso sobre o Tiago Gorski), Camila é outro exemplo. Há tempo fazendo análise com ela, noto uma extrema sagacidade, uma inteligência fora do comum, fora da normalidade. Ademais, ela se envolve. Ela tomou o meu caso com uma seriedade rara, envolveu-se com a Nina, por fotos e vídeos. Olha, uma profissional raríssima. Segredinho. Eu a presenteei com meu livro a Arte de Enganar o Povo. Ela levou o livro para casa. Mas contou-me que uma irmã dela, de 16 anos, estava lendo meu livro e (adorando tudo).

Camila ficou feliz com a história da promotora Michele Taís. 

A pessoa que melhor me conhece, hoje, sem dúvidas, é minha própria psicóloga. Ela sabe das minhas dores, das minhas angústias e do pavor que eu tenho passado nesses últimos tempos. 

Eu sempre tive muito fé em Deus. Todos os momentos desse tormento de dois anos, eu tenho orado permanentemente pela Nina. Tenho esbarrado em barreiras que - às vezes - julguei intransponíveis. Nunca quis que a minha filha sofresse e jamais desagregaria minha família. 

Na conversa que eu tive com a prostituta, nessa tarde, acabei contando a ela mais ou menos um resumo dessa crônica. Ela foi muito bacana comigo e me disse que eu devia ter fé em Deus. Quando ela se foi, também desejei-lhe boa sorte em sua vida. 

Mulheres. 

O comércio do próprio corpo é algo muito interessante. 

Existem pessoas honradas; dignas. Existem aquelas que fazem o comércio explícito, com honra e dignidade. Não imagino como deve os sentimentos de entrega, ser possuída por estranhos ... não me entra na cabeça que seja algo agradável ... Mas, enfim, é uma profissão e todas merecem nossos respeito e afeto. 

Sábado a tarde. 

Desejo a todos um bom descanso, felicidades para meus amigos amigos. Essa é uma terapia digital. É minha interação, é minha alma falando com meus leitores e leitoras. 


 
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BOM FINAL DE SEMANA PARA TODOS

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O Shopping está lotado. Música ao vivo na praça de alimentação, cinema lotado. Correria de crianças. Saudades da Nina.

Decido descer até o restaurante do Batista para jantar. Convido a Karine, mas ela estava numa janta com o pessoal do posto. Como odeio fazer minhas refeições sozinho, convido uma amiga.

A presença da dupla Thaeme e Tiago (acho que é isso) mudou o ambiente, restaurante lotado. Gosto de jantar no Batista pelo silêncio. Só odeio quanto aquela TV está ligada. Até hoje não entendo essa lógica. É no Batista e em quase todos os restaurantes. Eles não se tocam que as pessoas saem para comer e não para assistir TV. 

Ontem a noite, fui jantar com um líder da Igreja Universal, Senhor Afonso Dal Omo, meu grande amigo e irmão. Aquela TV num jogo. A gente quase não podia falar. Que coisa irritante. E ainda uma legião de imbecis gritando histéricos.

Até hoje não entendi essa lógica. Eu adoro comer em silêncio. Jamais com uma TV ligada nos meus ouvidos. Que coisa mais irritante. E todos pensam igual. Uma lógica burra. 

Eu e o Ruy tomamos champagne francês ouvindo Nana Mouskouri. Aí é outro departamento. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. 

A Ka é sempre a Ka. "Espero que essa outra que está jantando contigo seja melhor que eu. Minha vontade era estar aí contigo". Aí eu me explico. Ka não percebeu que eu me tornei assexuado. Mulher, só para amizade. Jantar junto não quer dizer nada.

Amor? Ontem, eu contava para Camila sobre o sofrimento de uma amiga, foi traída, e quando ela ouve barulho no portão, sempre pensa que é amor dela voltando. 

- Que amor, heim?

Camila, minha psicóloga, não sabe que amo tanto quanto ou igual essa minha amiga de Floripa. A gente é amor tipo amor romântico de 300 anos atrás. É o amor de Drácula de Coppola, é um amor de Swann, é Esposamante. Lendas de uma paixão, Mercedita. Amor é foda. Amor é porrada. Não tem meio amor. Comigo é matar ou morrer. Deve ser isso que faz a Vivian se ligar tanto em mim. Somos iguais. Siameses. Amamos tudo intensamente, sofremos por amor.

Nós não somos racionalistas, frios e calculistas, amamos mesmo, de verdade, coisa de filme, de lendas.

Aí eu tenho que teorizar...falar em Eric Fromm e já me vem a cabeça meus tempos da Escola de Frankfurt, Marcuse, Habermas, Deleuze, Guatarri, meu Deus, eu não vivia se não lesse a última novidade da França. 

Os anos se passaram. Noto que continuo com o mesmo potencial afetivo e romântico. Agora, amo minha filha. Apesar do circulo de escorpião, ela conhece minha alma. Eu habito nela e ela vive no meu coração. 

Bem, são 22.15. Conclui uma ação de família, já jantei, a ação é guarda de uma menina, filha de um amigo. Agora, só converter em PDF e enviar. Não sei quem são os músicos que tocam aqui no Shopping. Noto Vento Negro, do Fogaça e agora Vitor Ramil. Minha sala tem isolamento acústico, mas deixo as portas abertas, escuto a música, e escrevo. 

Vou me retirar. Entrar sozinho em meu quarto. Desespero, pavor, fobia, medo, angústia. Tudo que me apavora: solidão, começo de depressão. Sábado a noite, melancolia pura. 

Antes vou gastar gasolina, vou rodar, rodar, rodar, rodar ... escuto Bach e tento racionalizar sobre minha existência. 

Comprei uma bicicleta que Nina me pediu no dia das crianças. Vou até lá levar-lhe o presente, mais 6 kinder-ovos. Comprei um bike sob encomenda, personalizada, com o nome dela. Vai adorar.

Até o dia da criança, eu resisto. 




 

 

9 de outubro e a morte de Che Guevara

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Comemora-se, hoje, 9 de outubro, em todo o mundo, a data símbolo da morte do médico argentino Che Guevara.

Embora no Brasil, tenha surgido o MR8, (Movimento Revolucionário 8 de outubro) em homenagem a data do assassinato do líder guerrilheiro popular, a verdade histórica é que sua morte veio mesmo a se concretizar dia 09 de outubro. 

Guevara formou-me em Medicina. Percorreu os Andes de motocicleta e logo aliou-se a Fidel Castro (ainda vivo) e tomaram o poder em Cuba, derrubando o ditador Fulgêncio Batista.

Guevara foi Ministro de Estado em Cuba. A despeito do alto cargo, morava num humilde quartinho, com só uma cama.

Com a famosa crise dos mísseis, divergiu de desativá-los, eis que apontados para os EEUU, o médico via neles uma garantia de bombardear os Estados Unidos e a partir dali deflagrar uma revolução latinoamericana. 

Divergindo de Fidel, entra nas florestas da Bolívia para ali iniciar um novo processo revolucionário. Renuncia o cargo de Ministro.

Traído pelos camponeses, especialmente por Pedro Pena, um camponês ávido pela recompensa, Guevara é emboscado dia 08 de outubro e vem a falecer, devido aos ferimentos a bala em seu corpo, no dia 09 de outubro. 

Morria o homem e iniciava a lenda. 

Desapegado, cruel e sanguinário, liderava pessoalmente o fuzilamento dos corruptos, deu sua vida por uma causa na qual acreditava. Salvava vidas e matava na mesma proporção.

Seus maiores seguidores no Brasil criaram o MR8 e hoje estão todos aglutinados dentro do PPL - Partido de Pátria Livre, o qual integra nosso deputado estadual Bianchini. 

Eu conheci, pessoalmente, no FORUM SOCIAL MUNDIAL, Aleida, filha de Che. Militante de esquerda, nacionalista e muito ligada nas questões latino-americanas. 

Desde criança minha vida foi povoada pelas histórias de Che Guevara. Meu quarto era cheio de posters desse abnegado médico, que fez da medicina um sacerdócio para ajudar os pobres e necessitados. 

Hoje é um dia especial no calendário da humanidade. O culto a Che é muito forte entre jovens nos médios e grandes centros. É ídolos de jovens desapegados, mochileiros, maconheiros, gente que nem está aí para a sociedade nuclear burguesa. Os adeptos da sociedade alternativa de Raul Seixas, os malucos beleza, aqueles que preferem ser uma metamorfose ambulante, estão todos, hoje, de uma forma ou outra, reverenciando a memória de Che Guevara. 

Eu, como blogueiro, e devido ao fato de termos um deputado dentro do PPL, onde estão todos os dirigentes nacionais do MR8, relembro a data histórica e incito alguns questionamentos reflexivos.



 

UNISTALDA

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Eu sou um homem com uma certa vivência. Conheci muitos povos, morei em muitos lugares diferentes. Estados diferentes, cidades diferentes, países diferentes. Conheci gente diferente.

Quis Deus, sabe-se lá como, que o período eleitoral me aproximasse das pessoas de Unistalda. Foi um acaso. O Dr. Ruy e a Dra. Maristela convidaram-me para eu representar o jurídico do Partido perante a Justiça Eleitoral e fui - aos poucos - conhecendo algumas pessoas de Unistalda.

Já tinha um vínculo muito forte de amizade e carinho com o pessoal do PDT local, o Carioca, o Nego Cabo, o próprio Moisés. Sempre advoguei para o Sindicato, sempre achei o Carioca um ser humano raro ... enfim, tinha um vínculo prévio com aquele pessoal.

Com a campanha da Dra. Maristela, tive a rara felicidade de conviver com um grupo mais amplo de pessoas. Pessoas amáveis, aguerridas, gente firme, pessoas boas, eu definiria. Homens e mulheres, pessoas sensatas, ponderadas, gente de muita fibra. 

Creio que o resultado eleitoral não exitoso, em si, não reflete o ápice das relações humanas. O que eu noto é que mesmo na derrota, estão todos irmanados, solidários, firmes em seus ideais e convictos em suas crenças. 

Foi o que de melhor me aconteceu esse ano, em meio a tantos desastres. Fiz amizades que me tocam profundamente. De certa forma, sou um pouco lá e um pouco aqui. Mesmo com muita gente ligada ao PP tenho fortes elos de afeto e carinho. 

Essa amabilidade toda, essa sensação de carinho permanente nas relações, foi o melhor saldo e minha maior vitória. Mesmo na derrota, sempre existe uma vitória e descobri um vitória fantástica nas amizades que ganhei. 

Pessoa que vivem sem família, como eu, são mais sensíveis a entender o afeto das relações inter-pessoais. Tudo soa algo agradável. 

Diariamente, recebo convites de amizades no facebook, famílias inteiras, homens e mulheres, algo tão gratificante e tão puro que fico profundamente sensibilizado. 

Eu não sabia entender a alma do povo de Unistalda. Hoje, acho que aprendi. Notava na minha relação com o pessoal do Posto onde a Nina adorava parar para comer pastel com coca-cola, um carinho e um afeto tão grande. Eles e elas estão sempre me perguntando pela Nina. A Nina, por sua vez, os ama tanto. Eu sinto essa vibração nela. 

Enfim, faço apenas esse registro. Unistalda habita no meu coração. É afeto mesmo. Virei unistaldense sem querer, embora eu ache que todo o santiaguense é um unistaldense e vice-versa. 

Esse é o saldo mais feliz desse ano em minha vida. 

Da família e das crianças

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Creio que Deus tem seus mistérios. Sou um advogado, mas antes de tudo, estudei sociologia. Entretanto, confesso e revelo minha total ignorância para uma guerra surda que existe na sociedade, embaixo dos nossos narizes, que é o impacto e a destruição precoce de vidas dos nossos filhos, motivado pela ação irresponsável dos pais. 

Em menos de duas semanas, 3 mães da sociedade local, bateram as portas do meu escritório, desesperadas. Todas com um histórico de erros, passando pela drogadição, foram destituídas do patrio-poder de seus filhos e esses colocados em novos lares. 

Decidi fazer uma consulta formal à Anistia Internacional porque a extensão dos casos assusta e se todas estiverem falando a verdade, em tese, o assunto é mais complexo do que parece. Duas Anas e uma Maria, três tragédias em comuns. E o que é pior: ambas sabem onde estão seus filhos. 

Eu acabei atraindo essas pessoas e me sinto responsável por elas. Nunca pensei que houvesse um quadro social tão calamitoso.

Por outro lado, não são raros os casos de pais que traem suas esposas e deixam os filhos do primeiro casamento para viverem um novo matrimônio. Ninguém imagina e nem temos a devida leitura social dos danos no psique dos filhos de lares destruídos e das pessoas que são traídas. É algo muito maior, mais grave e mais assombroso, que qualquer outro impacto psico-sociológico. Moças, mulheres maduras, com sequelas irreparáveis. 

Tudo isso, apesar de todos os pesares, só reforçou uma velha convicção que sempre tive: a necessidade da ampliação do ethos moral expresso na ideologia da igreja católica, especialmente do movimento carismático e das igrejas evangélicas, de um modo em geral. 

A atual sociedade está doente. É uma doença grave no tecido social e não temos sequer uma avaliação clara das consequências dessa desagregação, embora saibamos - genericamente - sobre a depressão, melancolia, suicídios (que aumentam barbaramente em direção ao natal), desajustes morais, uso de drogas, alcoolismo ... 

Deus tem me proporcionado a conhecer cada caso mais escabroso que o outro. Ainda essa semana, com um grupo de pessoas reunidas em meu escritório, já noite alta, quando uma filha contava a saga da conduta de seu pai, que traiu a mãe-esposa, constituiu um novo lar e abandonou as filhas, a esposa e o lar para sempre. Elas vivem num mar da amargura, sem entender a conduta paterna e rebuscando nos cacos de sentimentos uma pontinha de reconstrução psíquica, afetiva e emocional. Mas é uma ferida que ficará exposta até findarem seus dias na face da Terra. 

Honestamente, não sei como o espiritismo aborda essa questão do lado moral da sociedade, conheço mais a ética derivada da escolástica e por isso mesmo sei um pouco do catolicismo, do luteranismo e por extensão de boa parte do movimento evangélico. 

O certo é que tudo está nas crianças. O futuro depende das crianças e o epicentro de tudo deve ser as crianças. Lembro-me bem. Ano 1983. Produzi um texto para o Jornal Zero Hora justamente sobre as crianças, mas ali estava focado nos filhos da guerras, os órfãos das guerras e não tinha essa leitura social que tenho hoje sobre as sequelas dos filhos herdeiros da alienação parental, da morte em vida de um dos genitores, algo tão terrível quanto cruel para com uma mente infantil.

A data alusiva ao dia da criança enseja uma reflexão mais profunda. Muito além do mercantilismo, existem sentimentos a céu aberto e o escárnio espiritual a roer nossas consciências. 

Eu faço parte desse círculo social criminoso, pois tenha muita consciência do dano que causei na mente de minha filha, um estrago que nunca mais será reparado e que ela carregará enquanto for viva e eu, da mesma forma, enquanto durar meus dias na Terra. 

Os padres e teólogos são sábios no tocante a essa questão da unicidade familiar. Pastores, da mesma forma. Se a família é tudo, da mesma forma, mantê-la sadia, é provável que os filhos e filhas serão mais ajustados e menos problemáticos, com a certeza relativa de um futuro de paz e harmonia nos lares. E uma sociedade sem tantos desajustes. 



UM CERTO SENHOR JULIO PRATES, Por Ruy Gessinger

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"Fui Juiz de Direito em Santiago lá por 1975. Eu era um gurizão de menos de trinta anos.


Santiago era um  ninho de águias no campo do Direito. Eram menos de 15 advogados. Todos muito preparados e estudiosos.

Fiquei dois anos, fui promovido, fui embora  e a vida me fez voltar, eis que me casei com Maristela, já homem maduro.
 
Nunca havia ouvido falar de Júlio Prates.
 
Eu não lia os blog locais e tinha um círculo restrito de amigos.
Vidinhas

Até que me contaram que tinha um blogueiro que estava "sampando" o pau em mim.

Mandei um mail a ele dizendo que, por incrível que pudesse parecer, tínhamos amizades em comum, como Bisol, Olívio Dutra, Tarso Genro.
 
E fomos nos falando, eu estranhando que o PT tinha nascido, se criado e envelhecido sem nunca ter passado por Santiago.
 
Algum tempo depois me indignei com uma posição dele e me afastei.
 
Tempos depois me encontrei com ele e  sua então esposa e os convidei para um lanche na minha casa em Xangri La.  Brincando, lhe disse:- faz um filho nessa guria, que não vais te arrepender.
 
Depois , para minha surpresa, se separaram.
 
Júlio começou  sangrar publicamente como nunca vi em qualquer literatura nacional ou de outros países.
 
Expunha no seu blog toda sua tragédia pessoal, deixando verter sangue e mais sangue de sua alma.
 
Num dia de chuva  fria, Rudolf e eu fomos levar uma pizza lá onde ele morava sozinho.
 
Chocante a qualidade de seus livros eruditos, chocante sua solidão. Seu abandono, sua carência afetiva.
 
Eu sempre disse que a vida castiga as pessoas inteligentes, tanto ricas como pobres.
 
É mais fácil os burros e ignorantes serem felizes do que a pessoa  flagrada das coisas. 

Quem gosta de Beethoven sofre; quem gosta de pagode mostra as canjicas e é feliz.
 
Não entendo como não aproveitam melhor o 
Júlio nas faculdades locais. Claro, ele é revoltado, controvertido, iconoclasta.  Mas toda unanimidade é burra.
 
Hoje, na região de Santiago, muitos escrevem bem. Mas Júlio se destaca.
 
As crianças, os pobres, os humildes, gostam dele.
 
Já disse a ele  que cuide melhor de sua profissão de advogado, onde ele é muito bom e vire a folha de seu infortúnio conjugal.
 
Eu não gostava dele.
 
Hoje gosto e o apoio.
 
Ele é um repositório de cultura.
 
E toda a cidade tem que ter seu maldito. Nem que seja para apontar que os reis estão nus".


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Nota pessoal:

Fiquei chocado, emocionado e extremamente grato com esse reconhecimento público, vindo justamente de uma pessoa da envergadura do Desembargador Ruy Gessinger, um dos maiores juristas do nosso Estado, um homem erudito ao extremo e cuja amizade honra-me muito. 

Meu sofrimento com a perda da Eliziane e da Nina advém do fato de que eu sempre agi com amor, com ternura e com afeto. Entendo o rumo e a escolha da Eliziane. Ela é livre. Mas não entendo e não sei trabalhar a dor da falta de minha filhinha, isso se tornou um martírio para mim. O amor, quando é verdadeiro, sincero e puro, é bucha, faz da gente escravo desse sentimento tão nobre quanto um fardo pesado demais, às vezes, até impossível de se carregar. 

Num mundo de banalidade, onde tudo é superficial e enlatado, pessoas como eu não encontram mais espaço. 

Quando eu me for, espero que o legado do reconhecimento a minha filha seja - justamente - que ela é filha do Amor. Aí seu pai sairá do blog e virará lenda para ela. 

O Ruy, por ser sábio, entende o que o senso comum não entende. Eu não era supérfluo e nem banal para com minha família, deriva-se daí a extensão da dor e não assimilação das perdas e a inconformidade com a crueldade do destino para com minha condição paterna. 

Ontem, domingo, ao meio dia, liguei para Nina. Sentei-me no Ginasião onde ela brincava, quando morava comigo, e começamos a conversar. Fui uma conversa linda. Minhas lágrimas escoriam pelo meu rosto, mas não deixava embargar a voz, para não afetá-la. Mesmo assim, ela foi na alma: 

- não chora pai.  



Crônica do cotidiano de uma vida simples no interior do Rio Grande do Sul

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Acordei cedo. Olho para o teto e fico angustiado. Tapo a cabeça, como se isso me permitisse fugir da realidade. 

Levanto. Uma rotina. Descobertas.

Eu envolvi-me de corpo e alma com o Direito Eleitoral. Sei lá, ontem a Dra. Maristela Genro tecia elogios ao meu trabalho. Foi um reconhecimento fantástico, justamente partindo dela e seu esposo, Dr. Ruy Gessinger, que tem instrumentais qualificadíssimos para medir a eficácia de um trabalho. E ela me dizia que o jurídico da campanha foi perfeito. Fiquei muito grato pelo reconhecimento ao meu trabalho e também pela escolha do meu nome e do meu escritório. Estendo o mesmo juízo ao Prefeito eleito do Capão do Cipó, Osvaldo Froner, que confiou a mim o lado mais árduo de sua campanha. 

É claro, o Guilherme aqui, é uma obviedade, já atuava com ele, mas - em Santiago - persiste um impasse terrível, sou jornalista, sou sociólogo, sou advogado. Pouca gente entende este multifacetamento.

Nesses últimos dias vi que meu chão é mesmo o Direito Eleitoral e Constitucional. Não adianta. Eleitoral é muito tri. Mas, sem querer, descubro que sou um advogado de família. Nunca tive a menor pretensão de atuar em casos de família. Aos poucos, as pessoas foram me procurando, guarda dos filhos, guarda compartilhada, pensão ... essas coisas. Incrível isso. Só que descobri o quanto é bom e gratificante a gente atuar para resolver esses impasses dramáticos da vida familiar. 

Bem, até acho que - finalmente - tenho uma cara. Que bom, fiquei feliz.

Hoje encontrei o Professor Juarez Biermann, grande amigo meu de anos atrás, e ele fez-me uma série de ponderações sobre os artigos do meu blog. Sequer sabia que ele me lia com tantos detalhes, eis que em sua conversa notei detalhes sobre as postagens. 

Mas todas as atenções se voltam mesmo para o dia da criança, agora, dia 12 de outubro. 

Para o Dia da Criança.
Na Páscoa, Nina estava dividida entre um patinete e uma bicicleta. Escolheu a patinete. Daria-lhe a bicicleta de Natal. Entretanto, no meio, surge o dias das crianças. É claro, comprei a bicicleta aro 22, agora ela está com 6 anos, tem que mudar o tamanho. A outra, estava pequena demais. 

Comprei bem como ela me recomendou. Na quarta-feira, vou levar-lhe a bicicleta e uma caixinha com seus salgadinhos preferidos, barras de chocolates, kinder-ovo, sucos ... Tá tudo pronto, comprei tudo hoje e a bicicletinha dela já tinha comprado há dias. 

Karine Peixoto, gente muito boa. Minha psiquiatra
A Dra. Karine, que pessoa mais amável, sempre ajudando a gente, sempre dando força, com uma presença de espírito incrível. Eu estava em Itaqui, para a audiência, e ela sempre com fé, mandando mensagens edificantes, falando em Deus, na esperança. Nunca vou poder, com palavras, exprimir a enorme gratidão que eu tenho por ela. Ela participa da minha dor, como se fosse dela e nutre um carinho tão grande pela Nina. A Karine, como toda mulher, sempre brigando com a balança. Mas agora ela caprichou, dieta, ginástica...mas sempre ciumenta. Hoje nós invertemos os papeis e eu fui o psiquiatra dela. Tava tristinha.

Meu querido amigo Ruy me fez uma proposta ousada. Se eu arrumar uma namorada que ele e a Maristela aprovarem (meus Deus do céu) teremos direito a uma semana na praia, somente com champanhe francês e caviar por conta da Pecuária da Gessinger, que agora está vendendo gado para o Egito e o Líbano... É claro, o objetivo é discutir filosofia pura. 

Esses meus amigos. 








Mestre José se volta a vida Pastoral

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Recebi, ontem, uma visita do meu prezado amigo Mestre José, que já foi Pastor da Igreja Internacional por mais de uma década. Depois, seguiu o rumo da cartomancia. Agora, com altas ligações com o mundo Pastoral, José está inaugurando em nossa cidade o Santuário da Casa da Benção, somente voltado à Bíblia, com foco na teologia da prosperidade, expulsão de demônios e cura divina, conforme me relatou.

O SANTUÁRIO CASA DA BENÇÃO fica na Benjamim Constant, 514, e será inaugurada amanhã, quarta-feira, às 15 horas. 

Portanto, aí Mestre José agora nas fileiras pastorais. Creio de onde ele nunca saiu. 

DEPUTADO

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Hoje eu falei com o candidato a deputado estadual pelas oposições de Santiago.

Ministério da Educação diz que o dinheiro para o Fies acabou. E agora? Vejam a gravidade disso para o futuro da URI

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O ministro da Educação foi categórico, o dinheiro para novos contratos do Fies acabou e, por isso, o MEC não vai reabrir as inscrições.



http://g1.globo.com/hora1/noticia/2015/05/ministerio-da-educacao-diz-que-o-dinheiro-para-o-fies-acabou.html?utm_source=facebook 


NOTA DO BLOG

Foi ou não foi uma crônica anunciada. Eu falei isso várias vezes nesse mesmo blog. 

Será o caos em 2017 para quem contava com um contingente de alunos com FIES. 

A situação para o ensino superior de Santiago é muito grave, nessas alturas, já é gravíssima, eis que implica em cortes nos salários, redução de carga horária, demissões de professores e servidores. Contingência de gastos com despesas operacionais, o que significa menos dinheiro na economia local. 

Engraçado, ninguém está debatendo isso. 

Nós estamos estrangulados e estamos aceitando pacificamente.

A imprensa, professores, o lado crítico da sociedade precisa se alertar para a gravidade do quadro.  

A URI é a maior empresa de Santiago, geradora de emprego, renda e rendimentos como ninguém. Urge uma mobilização.

Já não basta o IFF que está na zona de mergulho?

É claro que essa crise do FIES vai ser um caos para Santiago, só alguém muito imbecil para não perceber a gravidade da situação. 

Crise atingiu a saúde pública

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A situação das finanças públicas locais e regionais tendem a se agravar. Essa questão do Hospital de Jaguari é indicativo. O Hospital de Santiago vai para o segundo mês com os repasses atrasados. 

A situação do Diretor Ruderson Mesquita é elogiável, ele tem se mantido num silêncio obsequioso. Da mesma forma, não entendo que exista culpa no executivo municipal, até onde eu entendo.

Os repasses de onde deveriam vir os recursos públicos, simplesmente não estão acontecendo. 

Ruderson está joqueando como pode, mas, a se manterem os atrasos, hoje são em torno de 700 mil, a situação logo ali adiante tende a ficar insustentável.  

A questão dos laboratórios, meu Deus, é mais complicada. Hoje pela manhã recebi um relatório assustador. 

Saiu a lista de aprovados na OAB Santiago

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Saiu a lista dos aprovados OAB-Santiago e região. A lista local aparece junto com a de Santa Maria.

Parabéns ao casal João Lemes e Suzana pela brilhante aprovação da jovem Fernanda Siqueira Lemes. Eu conheci a Fernandinha, eu acho que ela tinha 2 aninhos. Era um doce de criança. Carregava ela no colo, adorava dar sorvete para ela. Era aquela lambuzeira. O Vagner, sempre foi mais fechadinho, mais retraído. Imaginem, hoje é Advogada. E depois não entendem como eu sou velho.

Bela aprovação. Adoro todos eles. Gente muito boa, de fibra, batalhadora, inteligentes. Estão de Parabéns, com razão.Não se intimidaram com um prefeito que os chamou de forasteiro. Foram à luta com garra, tenacidade e hoje são orgulho de nossa sociedade.

https://fgvprojetos.s3.amazonaws.com/621/11102016111647_Resultado_Preliminar_2_fase_Geral%20(1).pdf

Egocentrismo em Piaget e a epistemologia infantil.

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Piaget
Os mecanismos tais como id, ego e supergo, formulações - que qualquer estudante de psicologia sabe serem de Freud, foram trabalhados pelo pai da epistemologia infantil: Piaget. 

Skiner, aliás,  também trabalhou com os conceitos freudianos. 

Acaso Melanie Klein, em sua vasta obra sobre EGO INFANTIL, não operou com conceitos freudianos?

Mas tem um livro de Piaget sofre a formação do Ego que eu gosto muito: Piaget, do egocentrismo. História de um conceito

Vejamos, portanto, as anotações introdutórias do Professor Doutor em Filosofia Jair Fonzar. 

O texto é do site Scielo:


"No ano de 1923 Jean Piaget pôs no prelo quatro trabalhos científicos que tiveram todos uma origem comum - as pesquisas levadas a termo por ele e por uma equipe de colaboradores na antiga "Maison des Petits" do então Instituto J.-J. Rousseau, em Genebra. Pesquisas essas realizadas no correr do ano letivo europeu de 1921-1922 e que tiveram por objeto as crianças das Classes Primárias e da Escola Maternal ligadas àquele Instituto.

Interessado em desvendar os mistérios que envolvem o processo do conhecimento humano e não satisfeito com as teorias explicativas então correntes, o jovem Piaget se lança à execução de ambicioso projeto que o haveria de absorver e o seu sempre numeroso e variado grupo de pesquisadores pelo espaço de quase sessenta anos de trabalho intenso e pertinaz.

Estas pesquisas, realizadas segundo o método do exame clínico, muito explorado pela Escola de Genebra, faziam parte de um projeto maior que ele tinha em mente. Por isso, como adverte o próprio Piaget, elas se atêm à apresentação de fatos mais do que propriamente de deduções que poderiam ultrapassar as fronteiras da psicologia da criança. Em vez de generalizações teóricas, busquem-se então nessas primeiras experiências, acima de tudo, fatos.

Dada a complexidade do problema que se pretendia resolver e tendo-se em vista a variedade de interesses resultantes das próprias pesquisas, cada um dos trabalhos, embora procedentes da mesma fonte, ressaltou um aspecto diferente do processo do conhecimento infantil". 

Eu estudei epistemologia a partir de Japiassu. Fui fã de Piaget em minha mocidade. Depois,  quando era noivo de uma psiquiatra, descobri com ela esse livro e achei tão curiosa sua abordagem sobre o ego. Pois ele opera com os conceitos de Freud e os leva para o campo da epistemologia infantil. 

Acho muito complexo deter o monopólio dos conceitos ou achar que só um autor detém tal verdade. Será que existe verdade? Outro dia, lendo um manifesto de juízes e desembargadores gaúchos,  enviado-me pelo amigo Romeu Karnikowiski, notei que o impasse todo estava em torno do conceito "ideologia", usavam textualmente a expressão ideológico.   

Eu respondi a ele, que é Doutor e Pós-Doutor em Sociologia, que ideologia para Marx era uma coisa e para Gramsci era outra bem diferente. Até brinquei, fiquei com a séria impressão que o autor do manifesto não conhece bem os conceitos e a polêmica mundial que existe em torno destes, do contrário, bastaria balizar o entendimento conceitual (ou dizer: usamos o conceito ideológico no sentido marxista da expressão ou usamos o conceito ideológico no sentido gramsciano). No caso, é óbvio que só cabia o conceito de Chauí e de Marx, foi esse o rumo indicado por Roberto Lyra Filho, seja no livro O QUE É DIREITO ou KARLMEU AMIGO, DIÁLOGO COM MARX SOBRE DIREITO.

Marilena Chauí, a musa da nova escola jurídica, que dá origem ao movimento do direito alternativo, com Roberto Lyra Filho, escreveu um livro "O QUE É IDEOLOGIA", onde ela praticamente reproduz o conceito de Marx, de A Ideologia Alemã. Para ela, ideologia é dominação e é um contrasenso falar em ideologia dos dominados, vez que ideologia pressupõe dominação.

Na contramão, mas bem na contramão, o grande teórico italiano Antônio Gramsci, sustentou que todas as manifestações, na arte, literatura, pintura, escultura, dança, música, são ideológicas, independente de serem produzidas pelas classes dominadas ou dominantes. Imagino que o conceito de Gramsci (me parece que é Concepção Dialética da História) se aproxima muito do conceito de ideia de Hegel, li isso na Pequena Enciclopédia Hegeliana.

Tempos atrás, não faz muito, recebi em meu escritório, aqui no SHOPPING, a visita do grande teóricoDoutor Marcelo Duarte, que trouxe-me de presente, um livro em francês, História da Filosofia. Me lembrei do Marcelo agora, justamente por Hegel. Curiosa ilação. A esposa de Marceloé juíza de direito, se não me engano em Caçapava do Sul. 

Dias atrás, casualmente para uma audiência sobre minha própria filha, voltei a reler Piaget e detive-me, especialmente em sua construção sobre o ego.


Ora, gente, agora porque um autor criou esse ou aquele conceito, isso não quer dizer que outros teóricos não tenham usado os mesmos conceitos com outros escopos, que foi o caso de Piaget que levou a discussão freudiana para a epistemologia infantil. 

Apenas uma breve divagação de um blogueiro.
 




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