Fonte - Clic RBS
MULHERES GAÚCHAS DIZEM QUE NÃO ACHAM MAIS HOMENS
Por Rossana Silva, especial
“It’s raining men, aleluia!”, diz o hit dos anos 1980. Mas se The Weather Girls, que levaram a canção às paradas de sucesso, tivessem de fazer alguma previsão sobre Porto Alegre, provavelmente seria: mulheres, deixem os guarda-chuvas em casa. O tempo está seco e com poucas nuvens no céu. Pelo menos é essa a percepção de muitas solteiras. Alguma vez você já deve ter ouvido (ou feito) uma reclamação recorrente nas conversas entre amigas: “Está faltando homem”. E, quando o assunto entra na roda, é comum a comparação sobre como é estar solteira, ir a festas e paquerar por aplicativos em outras capitais ou até no Exterior. Não falta quem dê o testemunho de que, fora de Porto Alegre, os caras costumam chegar mais – e se puxar mais, investindo na conversa, sem ir diretamente aos finalmentes. Não é à toa que, na Copa de 2014, centenas de estrangeiros – celebrados pela espontaneidade e pelo bom papo – fizeram tanto sucesso entre as gaúchas a ponto de gerar ciúme entre os conterrâneos. Mas será que fora da nossa divisa é todo dia assim?
Fomos conversar com leitoras que se mudaram de Porto Alegre para contar como está a vida de solteira mundo afora. Spoiler: elas estão se dando muito bem, obrigada. Elas abrem o jogo nesta reportagem – e, por este mesmo motivo, preferem não se identificar. É o caso de uma analista de marketing digital de 29 anos que deixou Porto Alegre há dois anos. Depois de “um tempão” solteira e com uma rotina monótona na qual conhecer ou sair com alguém era uma exceção, a oferta masculina em Dublin, na Irlanda, impressionou. E a vida sentimental teve uma reviravolta:
– Às vezes, saio e fico até com dúvida para onde olhar, pois há muitos homens interessantes. E eles estão interessados em saber da tua vida, conhecer teu passado e tua história. Há muito mais interação do que em Porto Alegre.
O fator cultural, na percepção dela, é o que possibilita conhecer mais pessoas na balada e até nos apps. Na Capital, as saídas noturnas se limitavam aos círculos da faculdade e do trabalho que, por vezes, suscitam mais amizades do que romances. Na nova cidade, como não é tão comum se entrosar rapidamente com os colegas de empresa, homens e mulheres que querem conhecer pessoas estão mais abertos e investem no papo em outros espaços de convívio, aumentando as possibilidades de descolar paqueras.
– Vindo para cá, me dei conta de como os gaúchos estão acomodados. Acho que tem muita opção, e eles não se esforçam para querer chegar, te conhecer e levar alguma coisa a sério, nem que role só uma amizade – afirma.
A percepção de que os gaúchos “não chegam” é confirmada não apenas pelas conterrâneas, mas por mulheres de outras partes do Brasil, diz o sexólogo Carlos Eduardo Carrion:
– Atendo no consultório mulheres de outros Estados que acham os gaúchos muito fechados, dizem que eles têm medo de chegar. O cara fica mais na dele e só vai falar com as pessoas que ele mais ou menos pode prever o comportamento.
Enquanto isso, em Madri, uma gaúcha de 28 anos deixa escapar uma expressão de alívio pela mudança recente de ares ao saber do tema da reportagem.
– Que bom que eu saí daí! – diverte-se.