Passavam das 18 horas. Senti uma sonolência. Tenho pavor de entrar em casa cedo. A solidão me apavora. Mas, hoje, voltei a ser o estrangeiro dentro de mim mesmo. Ontem, desde que eu olhei Nina caminhando, após se despedir de mim, voltei a mergulhar num abismo. Devo ter chorado todo o trajeto de volta. Não quis demonstrar, mas fiquei profundamente mal. Essa doença que me assola é terrível. A depressão voltou como num clicar de um botão.
Assim, hoje, deitei cedo. Muito cedo. Escondi-me embaixo das cobertas. Mal durmo, e começo a sonhar com a Nina. São tantos sonhos e sinto a presença de minha mãe, que é morta, o tempo todo ao lado. A sensação que eu tenho, mais parece uma loucura, mas sinto que minha mãe acorda todos os dias ao meu lado. É como se ela estivesse comigo. Sinto isso de forma tão real e palpável. Com meu pai, nunca senti isso. Nunca.
Só acordei, perto das 20 horas, que o amigo Ruy me ligou. Não dormi mais. Fui até o Batista, jantei e vim para o Escritório, onde me refugio.
Uma vida sem sentido. Seguro-me em tênues fios existenciais. Busco construir um sentido e reifico uma lógica. Mas, é contraproducente lutar consigo mesmo. Eu tenho minha cruz e devo carregá-la.
Vou fazer tempo. Fazer tempo. Fazer tempo. Depois, quando tudo estiver parado, vou para meu quarto de novo. A espera dos sonhos, dos espíritos e da ilusão.