Injustiça e outras reflexões de um blogueiro existencialista

Chove torrencialmente sobre Santiago. Perdi o sono essa noite. Seis horas da manhã, ainda estava acordado.

Estou mergulhado no drama de pessoas que ousaram sonhar. Dona Benta é uma senhora pobre e humilde de Unistalda. Ela engajou-se na campanha da Maristela por acreditar no sonho de fábricas, empregos. Em suma, ela sonhou com Dignidade. Certamente, nunca teve nada contra o Dr. Ribeiro e nem contra o PP, apenas sonhou um sonho diferente, um futuro diferente.

Ontem, mandaram um aviso prévio de rescisão de locação residencial. Ela sabia e todos os moradores ao redor sabiam que ela tinha o aluguel solidário (alguns dizem social) da assistência social. Ouvi a gravação do dono do imóvel dizendo que vendeu a casa e por isso pediu (a casinha). Não bastasse isso, foi informada que lhe cortaram a cesta básica.

Sei lá. Deus está vendo tudo isso.

O PP aqui de Santiago pelo menos não usa de revanche de nem de vingança contra os pobres e humildes.

Mudando de assunto. Recebi uma longa mensagem do meu querido amigo Dr. Mauro Burmann. Ainda está no Rio de Janeiro, ao lado dos Amigos Gindri e Nicola. De lá, seguem para a Bahia, onde descansam e refletem politicamente.

Como foi gratificante saber da repercussão do texto sobre a Nina, minha amada filhinha, o que o Dr. Mauro Burmann qualificou: Espero que esteja bem, mesmo com a ausência de tua amada filhinha, aliás, poucas vezes vejo uma manifestação paternal tão intensa como a tua.

Bá, Burmann, valeu, de coração. Que afeto e que sensibilidade. Abraço aos amigos Mauro e esposa, Nicola e CA Gindri. Pessoas queridas, estimadas e que sonham com um mundo melhor para todos.

Não vou citar nomes, é uma conversa muito íntima, mas que me levou as lágrimas, muitas lágrimas, chorei demais. Ela mandou-me um vídeo Beethoven, Silêncio. Conversei com ela sobre o silêncio da madrugada, raios e chuvas. Ela lembrou-se do apartamento antigo, vazio, branco, solidão. Falamos de Deus, hoje, criança, cenoura, artes ...faz ode a alegria perfeita. Disse-lhe que Deus tem seus mistérios. Odeio falar isso, mas quem me falou tal frase foi o Cláudio Cardoso.

Minha amiga querida falou dos mistérios e das coisas inexplicáveis da madrugada. Ela perguntou-me da Doutora. Ponderei-lhe que ela não curte a extensão do romantismo da madrugada, da chuva ...

Mas concordei com ela sobre os mistérios. Minha ex-esposa, sempre amável, querida, delicada, ligou-me. 4 horas da manhã. Depois de 18 anos de Milão um sotaque diferenciado. Encontrei-a nos atos fúnebre de sua irmã. Ela é rara. Vive no centro da moda européia, cursou universidade de designer, divorciou-se um general, passa entre a Europa e a Amazônia.

Em Milão, era vizinha de Humberto Eco, que faleceu recentemente. Contar que casei-me com ela. Eu, com 18 anos, ela, com 16. Porém, está incrivelmente linda, um corpo esbelto e esguio como raros. O mesmo olhar doce, compenetrado, sensual.

Sei lá, essa noite, ela começou a conversar comigo pelo messenger. Recordamos tanta coisa. Daí ela ligou-me. Ficamos um tempão conversando. O fuso horário dela com o nosso deve tê-la desorientada.

Essas relações são lindas. Os anos se passaram. Ela deve ter entendido tudo. Principalmente, eu. Mal entendia a suavidade do que ela me dizia. Foi tão doce, tão doce. A noite da morte da irmã dela, ela abraçou-me, é a magia do abraço, quando puro e sincero. Essa madrugada, são os mistérios que a minha artista preferida fala, ela lembrou-se de mim, que estava aqui, curtindo os raios, a claridade dos raios, a chuva e lembrando da Nina; Deus está no comando. Viva o amor.

Os anos passam, e as razões são repostas. Repostas e respostas.