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Channel: JÚLIO PRATES
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Anotações sobre a carreata de Guilherme e o segredo das construções discursivas

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Olha, eu detesto ufanismo, já ganhou, salto alto, e até medir um resultado eleitoral pelo volume de carros de uma carreata. 

Minhas impressões são puras, sinceras e sem paixões.

Eu realmente fiquei impressionado com a quantidade de carros. 

Não participei, fiquei com o amigo Bressan observando tudo em frente ao CTG OS TROPEIROS. Num dado momento, ligamos para o Melão (Lucas Minozzo, arquiteto), e ele nos relatou que estavam entrando na Vila Rica. Daí pegamos o carro e descemos. É assombroso, tinham carros ainda nas imediações do primeiro lajeado. Isso impressiona. É uma adesão em massa da sociedade civil mais elitizada, especialmente das classes A e B de Santiago. 

Embora jornalista, não perco os cacoetes de sociólogo. Era um desfile emocionante de carros suntuosos, de mercedes, BMWs, camionetões ...um espetáculo para deixar os pobres de boca-aberta. Os pobres adoram ricos e o luxo, isso é sabido, sociologicamente. 


Vou ver a carreata do PP. Dificilmente será maior que a de Guilherme. E deverá ser uma carreata com carros mais simples e singelos. Eu conheço bem o PP de Santiago. O atual staff, que é o mesmo da era Chicão, não é dado a luxuosidades e tem mais raízes no pobrerio, na massa mais acrítica e alienada. Isso é histórico.

Por fim, cabe um raciocínio: como e por que Guilherme conseguiu aglutinar tanta gente e mobilizar tão fortemente a sociedade civil?

Volto a repetir. Foram as construções discursivas. Não sei quem foi o gênio que orientou Guilherme, ele deve ter contratado alguém muito caro e muito bom em marketing. Ele adotou um discurso simples e batia sempre nas mesmas coisas. 

Com emprego, indústrias, atingiu o àpice da reivindicação popular número um de Santiago. 

Com a bandeira de uma universidade pública, federal e gratuita, atraiu os olhos da juventude e atingiu em  cheio a geração dos 16 aos 31 anos de idade, que correspondem a 32% da massa votante. 

 Aí ele tirou uma diferença substancial de Tiago, que ficou muito preso a URI. É claro, subliminarmente, ficava implícito o ataque a URI, embora o cinismo (o cinismo bom) de dizer que a URI é maravilhosa. É político, pensa uma coisa e diz outra. Mas, enfim, a teoria de Gobells pegou e pegou bem. Sei que vencendo, Guilherme já tem acordo com a Reitoria da UERGS, que já assegurou 4 cursos para Santiago, desde que fossem dadas as instalações. Seriam o curso Técnico em Agropecuário, História, Geografia e Pedagogia. É ensino público e gratuito. 

Por fim, soube tocar somente nos pontos críticos da saúde. Elogiou o que estava bom e certo e passou a criticar abertamente as áreas sensíveis dos ESFs, medicamentos e a falta de pediatra. Foi na mosca, parece até que tinha uma pesquisa as mãos para saber ou deixar de saber o que o povo quer, o que o povo questiona e o que o polo elogia. 

Resultado: é claro, foi uma construção discursiva perfeita. Simples, repetitiva, massante, colou e fez escola.

Tiago, nesse aspecto, acho que faltou alguém do tipo o gênio ou a gênia (não sei) que balizou e construiu sua linha discursiva. 

O discurso de Tiago sempre foi muito abrangente e nunca criou uma linha, uma identificação, um discurso marcante e calante. 

Sinceramente, não sei o que vai dar. Se as vilas, que estão quietas, esse pessoal que anda de fuca, de chevete, de corcel, de pálio, de corsinha velho, de opala, não apareceu na mega-carreata de Guilherme. Não sei se são Tiago. Não posso afirmar isso. 

Só sei que Guilherme ganha no interior, ganha bem nas classes A e B, acho que já adentrou na C mais. A incógnita será o comportamento da classe C menos e das classes D e E. 

Se essas classes, ficarem com Tiago, como ficaram com Júlio e com Chicão, a eleição será em embolada, mas Tiago vencerá. Agora, se Guilherme furar o cerco nas classes C menos e D e E, aí, definitivamente, ele ganhará a eleição. 

Repito: isso vai depender do comportamento das classes D e E de Santiago. O mais tá claro.


E por fim, chamou muito a atenção de petistas históricos na carreata, com carros adesivados e bandeiras do 55. Foram vários conhecidos meus e lideranças de peso, como a conceituadíssima historiadora Rosângela Montagner. 

Outro fato atípico, bem visível, eram carros com perfurites do Guilherme e adesivo de vereadores do PP. Isso são centenas em Santiago. Algo tão inédito, quanto louco. 

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