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Channel: JÚLIO PRATES
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Odeio os indiferentes também porque me provocam tédio as suas lamúrias de eternos inocentes.


Eu pago o preço, eu assumo o preço

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Existem homens que aceitam viver de joelhos, submissos, aceitando a imposição dos outros. São cadáveres, já foram e ainda nem notaram sua condição de zumbis. 

Duvido uma pessoa na sociedade santiaguense e regional que seja menos perseguida do que eu. E o preço que pago é simples: é o preço de ter posição, de não ser cínico, dizer o que penso e não fazer concessões para bandidos. 

Por outro lado, como Advogado, descobri uma triste realidade. Gostem ou não meus colegas: grassa a submissão, todos querem agradar aos juízes, temendo pelo insucesso de suas petições. Existem honrosas, existem. Existem advogados altivos, existem. Mas existe uma legião de omissos que aceita ser penico de juiz. Isso, para os meus padrões morais, é inaceitável. Ou somos altivos, vivemos de cabeça erguida, com retidão de caráter e fortidão de espírito, ou não passaremos de animais domesticados, aceitando a imposição e as regras de que acha que tem o monopólio da Verdade. 

Nosso país está do jeito que está pela omissão. Pela covardia. Ninguém tem coragem de puxar o primeiro gatilho e pôr ordem na casa. O lero-lero jurídico esgotou-se, só não vê quem não quer. A ordem do dia é a revolução, gostem ou não. De direita ou de esquerda, tanto faz, existem homens decentes e honrados na esquerda e na direita. A esquerda é um bando da ladrões, infelizmente, eu sou de esquerda, mas reconheço isso. Só que a minha vida pessoa atesta minha conduta moral. 

Minha vida só terá sentido se for para eu propugnar naquilo que acredito, e meus milhares de leitores semanais sabem o que digo. 

Sou um pai afastado de sua filha pela mentira, pela calúnia e pela difamação. Ontem, ouvi minha filhinha chorando que queria vir comigo para o cinema. Eu choro junto. Mas também faço de minhas lágrimas um sustentáculo para o enfrentamento. Estou em pé. E vou morrer em pé. Morrer de joelhos não faz meu estilo. 

Poderia dar centenas de exemplos de pequenos persecutórios contra mim, não vem o caso em ficar me fazendo de vítima. Sempre tive fama de bandido e prefiro continuar sendo visto como bandido a posar - cinicamente - de inocentezinho. 

A História é feita pela ação dos homens, ou pela omissão. A omissão não faz parte do meu vocabulário. Prefiro morrer e pagar pela ação do que ficar omisso. Aquela moça de Jaguari está marcada na paleta, ela que não tome por surpresa quando eu levantar o que eu sei. Vou passar por destruidor, mas quem deu causa foi ela. E ela vai chorar pelos cantos quando eu apresentar a Verdade. E ainda assim não faltarão imbecis me acusando de injusto, mas só eu sei o que ela me fez. 



Viver significa tomar partido. Odeio os indiferentes

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"Vivo, sou militante. Por isso odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes".

Odeio os indiferentes.  Como Friederich Hegel, acredito que “viver significa tomar partido”. Não podem existir os apenas homens, estranhos à cidade.

Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão e partidário.

Indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida.

Por isso odeio os indiferentes.

A indiferença é o peso morto da história. É a bala de chumbo para o inovador e a matéria inerte em que se afogam freqüentemente os entusiasmos mais esplendorosos, o fosso que circunda a velha cidade e a defende melhor do que o peito de seus guerreiros, porque engole nos sorvedouros de lama os assaltantes, os dizima e desencoraja e, às vezes, os leva a desistir da gesta heróica. (...)

Odeio os indiferentes também porque me provocam tédio as suas lamúrias de eternos inocentes.

Peço contas a todos eles pela maneira como cumpriram a tarefa que a vida lhes impôs e impõe cotidianamente, do que fizeram e sobretudo do que não fizeram. E sinto que posso ser inexorável, que não devo desperdiçar minha compaixão, que não posso repartir com eles as minhas lágrimas.

Sou militante, estou vivo, sinto nas consciências viris dos que estão comigo pulsar a atividade da cidade futura, que estamos a construir (...)

Vivo, sou militante. Por isso odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes.

Antonio Gramsci – La Cittá Futura – 11.02.1917

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Eu tenho partido. Em Santiago, sou Guilherme, em Unistalda, sou Maristela.

Maristela, coração e mente, sonhos e esperanças

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Maristela e sua vice Regina: construindo sonhos e semeando esperanças
O povo de Unistalda tem em suas mãos uma oportunidade única de mudar a história do município e de suas próprias vidas, de seus familiares e entes queridos.


Embora o descrédito que políticos podres fizeram com a Política, ela não perdeu a nobreza de ser tudo em nossas vidas.


Vale aqui, para ilustrar meu pensamente, citar o poeta alemão Bertold Brechet: O Analbabeto Político, o pior analfabeto:

O pior analfabeto é o analfabeto político.


Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.


Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.


O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política.


Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.


Gostemos ou não, a política é tudo em nossas vidas. Dela depende a escola dos nossos filhos, a saúde de nossa cidade, as ruas e estradas, o preço do pão, o preço do sabonete  e até o tributo embutido num rolo de papel higiênico é política.


Unistalda vive um atraso singular. As pessoas vivem tristes, com seus filhos tendo que sair para trabalhar noutras cidades. Por isso, fica evidente que Unistalda precisa de uma ruptura violenta com os velhos e acomodados moldes de fazer política, precisa de um choque de gestão, Unistalda precisa de uma Prefeita que tenha articulações além da divisa de Santiago, que tenha relações estaduais e nacionais e traga para dentro da polis fábricas, que crie arranjos produtivos com a matéria-prima local existente, que seja criativa, que tenha garra, perseverança e capacidade de intervir e mudar o eixo-socioeconômico.


Eu creio firmemente que Maristela Genro Gessinger tem esse perfil. É aguerrida, guerreira, brava, forte, uma mulher de fibra, destemida, não vai para a Prefeitura para roubar ou fazer negócios escusos, posto que riquíssima. Vai para a prefeitura por despreendimento, por um ato de cidadania, por amor ao próximo, para fazer o bem, sem olhar a quem e para mudar, definitivamente Unistalda e região.


Agora, as pessoas de Unistalda precisam ter essa compreensão e esse entendimento.


Unistalda pode dar um saldo no futuro, na saúde, na educação, na geração de empregos, na habitação e na prosperidade.


Maristela encarna essa prosperidade, ela pensa grande, tem um grande esposo por trás que lhe dará o suporte necessário para o equilíbrio familiar, para a ponderação jurídica, para todas as coisas serem feitas certinhas, sem maracutaias.  Ademais, é um grupo limpo que  vai assumir o poder com ela, pessoas honradas, de quem nunca se ouvir falar algo em desabono de suas condutas.


A chance de ouro está lançada.


Peço aos meus leitores de Unistalda que leiam com carinho essa reflexão. Independente de partido, de ideologias, de paixões, é necessário discutir o papel de Maristela no contexto de Unistalda e o significado de sua candidatura a Prefeita.


A História está em nossas mãos e essa candidatura dela pode representar um avanço para todos nós, para o futuro de nossos filhos, para as gerações que hão de vir após nossas mortes ... Maristela é o futuro que chega hoje.



Cabe a cada um de nós decidir, refletir, analisar, ponderar, analisar bem a situação posta e, principalmente, comparar o que foi feito e não ter medo de ser cidadão e de tomar o destino do futuro em nossas mãos. 

Um quadro sombrio que se desenha no horizonte: a crise é mais grave que imaginamos

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Longe de alarmismos e concepções negativistas, as duas últimas matérias do Jornal Hora dessa semana analisando o quadro sombrio que desenha sobre os municípios gaúchos, com dados oficiais da FAMURGS, e, hoje, corroborado com uma pertinente crítica esboçada pelo Jornalista e Professor João Lemes, no Jornal Expresso Ilustrado, deixam claro a extensão do caos financeiro que viveremos nos próximos dias.

O próprio Prefeito Júlio Ruivo, em entrevista a emissora local, deu o tom da extensão da crise. 

A Verdade é que a Federação dos Municípios não disse tudo ainda. A crise é maior que se desenha. Não existe dinheiro público para investimentos no ano de 2017, todos vão operar no limite do limite e o comprometimento com a folha de pagamento de pessoal é uma realidade. 

Boa parte dos município gaúchos não poderão mais cobrir as despesas de pessoal a partir de setembro, devendo impor, obrigatoriamente, o parcelamento de salários. Santiago está nesse caso. Finanças estouradas, e a deverá haver uma opção entre pagar os fornecedores e a folha. Isso eu já vinha dizendo há meses. 

A crise é estrutural e conjuntural. As finanças da União comprometidas, compromete-se - também - os repasses de FPM (Fundo de Participação dos Municípios). A ampliação da crise mundial, ensejará uma série de cortes nas verbas públicas federais, isso é notório, e mais notório é o reflexo nas finanças municipais. 

É certo que Santiago e demais municípios da região não poderão honrar a folha de pagamento de pessoal, devendo impor - a partir de setembro - o parcelamento de salários.

Com a perspectiva de investimentos zero a partir de 2017, desenhada pelo próprio Prefeito Ruivo, o quadro para o sucessor desse, seja Bueno, Tiago ou Guilherme, é assustador. A menos que seja alguém corajoso para terminar com certos convênios, remanejar pessoal, mexer forte no funcionalismo. Manter o quadro como está está, com máquina inchada de CCs e FGs, mais convênios, é impossível. Urge uma redefinição urgente e esse raciocínio vale para os 3 candidatos a prefeito. Resta saber quem terá coragem e ousadia de tocar nisso tudo. 

A situação é caótica. Não há desenho de um futuro promissor para nós e nossos filhos. Urge que entremos em profunda reflexão. A crise é mais grave que imaginamos. 

No âmbito municipal, sem investimentos, como o próprio prefeito Ruivo declarou, viveremos um caos sem precedentes.

As finanças públicas estão literalmente quebradas. 

Alerta: a crise é maior do que imaginamos. 

Saiu a decisão do PPL e do Deputado Bianchini

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Conversei com o deputado Bianchini e o resultado da convenção do PPL, ontem,  foi pela neutralidade de liberdade de seus filiados e eleitores escolherem o o candidato que melhor se aproxima da intenções do PPL.

Assim, termina esse capítulo com tudo definido com clareza. 

Parabéns ao Deputado Bianchini pela condução brilhante dos trabalhos e pela posição ponderada, racional e equilibrada adotada. 

Eu sonhava, pai

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Lembro-me ainda, pai, daquelas manhãs em que sentia seu beijo sobre a minha testa, suas mãos alisando meus cabelos, ajeitando os cobertores e depois saindo do meu quarto nas pontas dos pés. Eu fingia que dormia...

Como era bom ouvir seus passos vindo para perto da minha cama… Sentir que seus olhos me fitavam com tanto amor (quase devoção). Docemente eu adormecia, sonhava com anjos vestidos de todas as cores e todos eles tinham os rostos iguais ao seu. Eu acordava, ainda sob a magia do seu toque, do seu carinho, da sua presença...

Ah, que saudades eu sinto do meu grande herói.
Te amo tanto... você nem imagina!

Retrato do absurdo

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Sábado chuvoso, não tinha para onde ir. Fui ali no Juarez lanches e comprei uma torrada, aliás, a torrada simples mais gostosa e mais acessível de Santiago: custa apenas 3 reais. 

Comi a torrada e fui para o meu quarto. 

Deitei-me cedo. Creio que não eram 22 horas. Uma solidão total, isolamento radical, depressão infernal. 

Na sessão com minha psicóloga, quinta-feira, creio que sem querer, ela me me fez refletir sobre doze anos perdidos de minha vida, numa aposta numa relação errada, num amor que nunca existiu, numa família que nunca existiu, numa filha que não sei se existiu, em crenças que nunca existiram, enfim, cai numa profunda introspecção sobre o absurdo sentido da vida. Tal e qual Albert Camus sempre proclamou. 

A crença no metafísico, qualquer que seja ela, é sempre um consolo. Infelizmente, existem certas pessoas que não têm o gene da fé, e aí o mundo se torna cru, amargo, com gosto terrível de fel. Não se trata de coração de pedra, Dean Hamer está coberto de razão, vejo por mim mesmo e esforço que fiz e faço pela busca da fé. Vi isso décadas atrás, numa reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, quando foi apresentada a decodificação primária do nosso código genético. Muito antes, muito antes, muito antes de Hamer.

Nesse contexto, olhando o chuvisco, comi minha torrada e desci em direção ao meu quarto. Minha rapidez era única, pois meu desejo era apenas tapar-me embaixo das cobertas, cobrir minha cabeça e - como sempre - orar para Deus me levar o quando antes da Terra. 

A vida, para mim, se tornou um peso insuportável. Vivo sem causa, sem ideologia, sem crença, sem amor, sem  um sentido lógico que me proporcione alguma alegria ... por último, tiraram - de novo - a Nina do meu convívio.

Dia 12 de agosto é meu aniversário e essa data combinada com o dia dos pais, me martiriza, me sacrifica, me tortura. Se a lógica da vida é pagar, estou pagando. Se isso tudo é ilógico, não sei o que estou fazendo, enquanto vida, na vida na Terra.

Não sei como, adormeci, adormeci e com o celular do ligado num rádio FM e escuto que são 6 horas da manhã. De repente, viajo, penso que devo buscar Nina. Logo, raciocino, a força dos malditos é maior que a  minha. Minha filha está morta, embora eu saiba que está viva. Mesmo assim, não resisto estar deitado e nem mais estar vivo.

Levanto correndo, como sempre. Abro a janela, as ruas vazias. Tédio total. 

Caio de novo no abismo. Por que tudo isso? Por que viver? Por que viver sem uma causa, sem sentido, sem lógica, sem paixão, sem ideologia, sem amor, sem Nina, sem família...

As ruas de Santiago estão vazias. Penso nos próximos passos. Penso nas implicações para o futuro existencial de Nina ... 

Critico os Zumbis, mas também sou um Zumbi. Seguro-me num tênue fio de esperança que são alguns amigos e algumas pessoas que eu julgo boas. Mas eles têm suas vidas, suas famílias, suas histórias. Eu não me insiro nelas. 

As posições que tenho, o meu pequeno engajamento político-partidário, é algo muito pequeno para mim. Mesmo assim, sinto-me feliz em poder ajudar meus amigos e pessoas que me são boas. Ainda assim, o peso do passado e de minhas posições, pois quem escreve se expõe demais, sempre pesa sobre meus ombros. E também não peço absolvição e nem me arrependo de nada. Arde meu peito, mas suporto a dor até cair morto
em pé. Andar de joelhos, rastejando como as cobras, jamais. 

Eu conheci a pior pessoa que existe na Terra, a pessoa mais ruim, de índole perversa, falsa ao extremo, destruiu minha vida de uma ponta a outra, usou tudo que lhe beneficiava, apunhalou-me pelas costas, cravou centenas de punhais em mim e saiu sorrindo em sua perversidade, de tirar vantagem sempre em tudo e de destruir quem lhe ajudou se construir. Derivou-se daí um drama existencial terrível, posto que um produto solto nas estradas empoeiradas e lamaçentas tateia incerta em busca de uma vaga identidade social e antropológica de tudo que também lhe foi tirada. 

Acho graça de pessoas que pensam que pleiteio alguma coisa em vida. Minha vida terminou e meu coração ficou enterrado na curva do absurdo. 

Quem me olha, vestido, caminhando, ereto, não sabe o que se passa dentro de mim. A minha dor é só minha, é meu destino, é meu caminho, fui eu quem construi e levarei comigo quando eu conseguir encontrar a transcendência.

As ruas de Santiago continuam vazias. Talvez eu coma em algum lugar, talvez tateie incerto mais um pouco enquanto o dia não se esvai ... 

Na minha última sessão com a psicóloga que ousou o desafio de me ajudar, tentei dar um fecho a uma busca frenética que levei durante décadas para fechar os paradigmas das ciências e suas vertentes epistemológicas. Quando consegui tudo, quando encontrei as respostas materiais no campo paradigmático, ela exclamou e perguntou-me: e aí?

Aí, tive que falar a verdade, só me restava buscar a morte, porque nada faz sentido sem fé, sem esperança, sem Deus, sem uma causa, sem uma ideologia. O homem é cru e não se sustenta ele por ele próprio. Dentro deste contexto, sei que caminho inexoravelmente para a morte, a minha destruição interna é total, apenas meu racionalismo cartesiano aplicado me mantem com uma formato de gente ... do contrário, já seria o desmanche de um corpo. 

E a alma?

Sei lá se ela existe. Duvido que alguém sério saiba. Deriva-se daí minha vaga identidade com Nicolas Malebranche. 

Não sou do mundo do mundo eu não sou

Uma entrevista rara: Ciro Gomes a TV Carta declara-se candidato a Presidente do país em 2018.

Blog terá colunista colaborador

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Estreará em nosso blog, nos próximos dias, nosso amigo Romeu Karnikowiski, que já foi colunista do Jornal A Hora, de minha propriedade. 

Romeu é meu amigo há mais de 30 anos. É Advogado, Mestre e Doutor pela UFRGS e Pós-Doutorado na mesma área.  

Natural de São Luiz Gonzaga, durante longos anos escreveu em nosso Jornal e já bem conhecido do nosso público. Agora, vai produzir textos também para nosso blog, colaborando para enriquecer nossa blogosfera. 

Um grande sujeito, uma figura humana maravilhosa, dotado de bom senso, uma inteligência rara, Karnika, como é carinhosamente conhecido pelos amigos, brindará-nos com seus artigos inquietantes e críticos.

José Serra recebeu R$ 23 milhões via caixa dois, afirma Odebrecht

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José Serra recebeu R$ 23 milhões via caixa dois, afirma Odebrecht (Folha de São Paulo)

Alan Marques - 1º.ago.16/Folhapress
BRASÍLIA, DF, BRASIL, 01.08.2016. O ministro das Relações Exteriores, José Serra, discursa no púlpito da Presidência da República (por engano) durante a Cerimônia para a troca de Cartas de Reconhecimento de Equivalência dos Controles Oficiais de Carne Bovina entre o Brasil e o EUA (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER
O ministro das Relações Exteriores, José Serra, discursa em evento
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Executivos da Odebrecht afirmaram aos investigadores da Operação Lava Jato que a campanha do hoje ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB-SP), à Presidência da República, em 2010, recebeu R$ 23 milhões da empreiteira via caixa dois.
Corrigido pela inflação do período, o valor atualmente equivale a R$ 34,5 milhões.
A afirmação foi feita a procuradores da força-tarefa da operação e da PGR (Procuradoria-Geral da República) na semana passada por funcionários da empresa que tentam um acordo de delação premiada, conforme antecipou a colunista Mônica Bergamo.
Durante a reunião, realizada na sede da Polícia Federal em Curitiba, os executivos disseram que parte do dinheiro foi entregue no Brasil e parte foi paga por meio de depósitos bancários realizados em contas no exterior.
As conversas fazem parte de entrevistas em que os possíveis delatores da Lava Jato corroboram informações apresentadas pelos advogados na negociação da delação premiada.
O acordo, entretanto, ainda não foi assinado.
Editoria de Arte/Folhapress
Suspeita de caixa 2 de Serra
Para comprovar que houve o pagamento por meio de caixa dois, a Odebrecht vai apresentar extratos bancários de depósitos realizados fora do país que tinham como destinatária final a campanha presidencial do então candidato.
Segundo informações do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a empreiteira doou em 2010 R$ 2,4 milhões para o Comitê Financeiro Nacional para Presidente da República de Serra (R$ 3,6 milhões em valores corrigidos).
Dessa maneira, a campanha do tucano teria recebido, apenas do grupo baiano, R$ 25,4 milhões, sendo R$ 23 milhões "por fora".
Segundo os depoimentos de executivos da Odebrecht, a negociação para o repasse à campanha de Serra se deu com a direção nacional do PSDB à época, que depois distribuiu parte do dinheiro entre outras candidaturas.
DELAÇÃO
Os envolvidos nas negociações consideram o tema um dos principais anexos que integram a pré-delação da empresa. É primeira vez que o tucano aparece envolvido em esquemas de corrupção por potenciais colaboradores da operação que investiga desvios na Petrobras.
Em conversas futuras com os procuradores, os executivos também pretendem revelar que o ministro das Relações Exteriores era tratado pelos apelidos de "Vizinho" e "Careca" em documentos da empreiteira.

ACARAJÉ

O nome do tucano foi um dos que apareceram na lista de políticos encontrada na casa do presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, durante a 23ª fase da Lava Jato, a Acarajé, em fevereiro.
Folha também apurou que funcionários da companhia relatarão que houve propina paga a intermediários de Serra no período em que ele foi governador de São Paulo (de 2007 a 2010) vinculados à construção do trecho sul do Rodoanel Mário Covas.
O trecho em questão teve construção iniciada no primeiro ano da gestão do tucano e foi orçado em R$ 3,6 bilhões na época.
Na última quinta-feira (4), o ex-presidente do grupo, Marcelo Odebrecht, falou pela primeira vez aos procuradores que investigam o petrolão. Ele está preso há mais de um ano na Lava Jato.
A reunião, realizada com nove procuradores e cinco advogados na superintendência da Polícia Federal de Curitiba, onde Marcelo está preso, começou por volta das 10h e terminou quase sete horas depois.
Ao longo da conversa, o executivo foi cobrado pelos investigadores a falar de maneira "explícita" dos atos de corrupção, "sem rodeios".
O ex-presidente do grupo vinha se preparando havia meses para esse dia, com reuniões semanais com advogados. Na véspera da oitiva, ele recebeu as visitas da mulher, Isabela, e das três filhas para lhe dar apoio.

'LIÇÃO DE CASA'

Além de Marcelo Odebrecht, cerca de 30 executivos da empreiteira deram depoimentos em Curitiba.
As oitivas foram duras. Alguns executivos chegaram a ser chamados de mentirosos pelos investigadores. Parte foi ordenada a fazer a "lição de casa", trazendo mais informações sobre casos que interessam aos procuradores.

OUTRO LADO

O ministro das relações exteriores, José Serra (PSDB-SP), afirmou, por meio de nota enviada por sua assessoria de imprensa, que a campanha dele durante a disputa a Presidência da República em 2010 foi conduzida em acordo com a legislação eleitoral em vigor.
O tucano disse também que as finanças de sua disputa pelo Palácio do Planalto eram de responsabilidade do partido, o PSDB.
Ainda em nota, José Serra reiterou que ninguém foi autorizado a falar em seu nome.
"A minha campanha foi conduzida na forma da lei e, no que diz respeito às finanças, era de responsabilidade do partido", afirmou.
Segundo a prestação de contas da campanha tucana no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o Comitê Financeiro Nacional para Presidente da República, do PSDB, declarou ter recebido R$ 2,4 milhões da empreiteira na disputa de 2010.
Sobre o suposto pagamento de propina a intermediários do tucano quando ele foi governador do Estado de São Paulo, entre 2007 e 2010, e que teriam relação com a construção do trecho sul do Rodoanel, o ministro disse que considera "absurda a acusação".
"Até porque a empresa em questão já participava da obra quando assumi o governo do Estado." 

Pela sociedade dos pais mortos

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Uma das coisas mais tristes na vida de uma criança é a confusão acerca de sua própria origem. Ela não revela aparentemente a origem do impasse, mas fica tudo gravado nos meandros do seu inconsciente e se revelará - mais dias, menos dias - num quadro caótico, doentio e irreversível. 


Não posso falar o que está sob segredo de Justiça; mas, dias atrás, ouvi a avó de uma uma criança ofendendo o suposto pai, chamando-o de sem-vergonha, que a testa, o queixo e o nariz da criança eram idênticas ao pai. 

Pedimos um teste de DNA. 

Surpresa. O acusado não era o pai.

Conheço centenas de casos. Seja de pais atordoados pela descoberta dos filhos, seja de filhos atordoados pela descoberta dos pais.

Numa sociedade pequena como a nossa isso é terrível. A pessoa se cria desestruturada, seu psique nunca será o mesmo. 

O mesmo raciocínio vale pela forma irresponsável como se geram crianças e a a forma irresponsável como os pais são afastados dos seus filhos, principalmente o pai, o homem. Grassa no poder judiciário um machismo sem precedentes, de achar que toda a mãe e mocinha e todo o pai é bandido. 

O que a realidade tem mostrado é exatamente o contrário. A irresponsabilidade e a molecagem com os filhos e filhas é de ambos os lados. Ninguém está imune nessa podridão social. A grande verdade é que o poder judiciário premia a mulher traidora e pune - na maioria das vezes - um pobre pai traído e destruído. A própria Advogada Carla Albuquerque, sábia, me dizia uma tarde que o poder judiciário não leva em conta a traição e quem deu causa a separação. Via de regra, os pais são separados dos filhos, as mães ficam com as guardas e botam terceiros homens estranhos a criarem seus filhos. Quando criam, pois na maior parte dos casos é conhecido que as crianças se tornam vítimas sexuais dos padrastos. 

Existe uma guerra fria, quieta e silenciosa. As pessoas perderam as referências morais, não existe mais um plano ético e - hoje - mais do que nunca a versão de Bentinho e Capitu faz história em nossos lares. 

É a degradação ética e moral avançando num rumo assustador. Uma transa é muito fácil, ninguém pensa nas consequências. Numa vida, num ser, que carregará para o resto dos seus dias uma mácula que lhe ferirá o espírito, a alma e sua própria essência enquanto ser humano. 


Eu não desejei a separação de minha filha, pois queria honrá-la como pai, como guia, como deve ser pelas leis divinas. Mas ouvi de minha ex-esposa: a Nina não será a primeira filha de pais separados. 

Minha filha está totalmente despersonalizada. O crime que fizeram com sua cabeça, a confusão, a tentativa de incutirem nela a morte da identidade paterna, se, de um lado, conta com a família, que passa a ver o pai como um estorvo, de outro, é preciso ser duro com o poder judiciário, que não age com equilíbrio, com ponderação e nem leva em conta que uma criança, um filho, é metade dos dois, do pai e da mãe. 

Eu sou filiado a um Instituto Nacional de  País que sofrem alienação parental. Noto que todos tem até nojo das campanhas do CNJ, pois - na prática - os juízes e principalmente as juízas mulheres, não agem com isenção, com imparcialidade. Sempre acham que a mulher tem razão. 

Eu dou o caso de minha filha como perdido. A paternidade e o meu direito de ser pai já foi assassinado. Ninguém é pai sendo pai por 12 horas num domingo. 

Aceitei o desafio, convidado que fui para escrever um artigo em nível nacional, de transformar esse artigo num livro, pois a fartura de material que tenho em mãos - com certeza - propiciará uma bela reflexão na sociedade. Com a riqueza e os detalhes do poder judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública. 

O dia dos pais vem aí. Proponho a sociedade dos pais mortos, pois o sarcasmo é a melhor resposta. Vejo em nosso Instituto casos extremados de pais em tratamento psiquiátricos, pais se suicidando, pois veem tudo perdido. Talvez a frieza de quem não ame, não se faça compreender a extensão do amor e das palavras que surgem como alerta dessa guerra surda terrível no seio das sociedades. 

O dias dos pais vem aí. De que adianta, a fantasia de uma filha passar o dia dos pais com o pai, se o exercício da paternidade já está morto, assassinado e enterrado?

Os pais, ao gerarem seus filhos, deveriam abdicar dos prazeres da vida em nome de um plano altamente ético e moral, para guiar os filhos pelo caminho da vereda, da verdade, da justiça e da divindade. 

Infelizmente, nada disso acontece e somos todos cúmplices desse guerra surda, não revelada, oculta, muitas vezes suja. Mas minha escrita não se calará diante de mais esse problema terrível de nossas sociedades. 



O começo de um lindo dia

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Santiago começa a semana sob a égide de um lindo e maravilhoso sol.

Todos estão envolvidos com os preparativos das campanhas eleitorais. 

Enquanto o PP definiu Otávio Pinto como coordenador-geral de campanha, na frente das oposições o nome é do Dr. Mauro Burmann. Não recebi release do PT e não sei quem é o coordenador geral do Partido.

Por outro lado, fiquei muito feliz ouvindo a entrevista de Ciro Gomes. É candidato a presidência da República e - certamente - terá o meu voto. Não sou de ficar neutro, gosto muito do estilo direto de Ciro, um nome limpo, digno e que pode colocar esse país nos eixos. 

Em Unistalda, o clima é de uma eleição de elevadíssimo nível. Uma disputa acirrada de idéias, mas com educação, fineza e cordialidade, próprio de como deve ser a política. 





O justo e merecido PHODIUM de João Lemes

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segunda-feira, 8 de agosto de 2016 - Por Ruy Gessinger

JORNALISTA DO INTERIOR DÁ DE RELHO NOS DA CAPITAL

Jornalista e ´Professor João Lemes, exemplo e honra para todos nós
Amigos, estou por aqui com a simploriedade de alguns " comunicadores" de grandes veículos de comunicação.
Dê-lhe lugares comuns, gaguejos, oooo, eeee, ééeé. Pombas! Pensem antes de falar. Ou tomem Fosfosol para alimentar os dois neurônios!
Olhem só a lição de um jovem self made man de Santiago, dono de um jornal e professor:



Estados serão proibidos de fazer concursos e de dar reajustes a servidores nos próximos dois anos

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POR HAMILTON FERRARI - Correio Braziliense


Depois de muito vaivém, o governo conseguiu chegar a um acordo para votar, ainda nesta semana, na Câmara o projeto de renegociação das dívidas dos estados. Estão mantidas, segundo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, a proibição para que os estados realizem concursos e deem reajustes a servidores nos próximos dois anos.

O Projeto de Lei Complementar (PLP) 257 também fixa um teto para o aumento de gastos dos estados. As despesas só poderão subir de acordo com a inflação do ano anterior. Essa limitação segue a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que o governo federal enviou ao Congresso e valerá para a União, quando aprovada.

Meirelles fez questão de afirmar que o governo não recuou nas condicionantes para garantir o alívio de R$ 50 bilhões nas dívidas dos estados. Mas, na semana passada, diante da gritaria de governadores e servidores, o Palácio do Planalto fez uma série de concessões que desfigurariam o projeto original e alimentaram as desconfianças dos investidores.

“Eu gostaria de anunciar, com satisfação, que foi acordado que o parecer do relator (do PLP 257), deputado Esperidião Amin (PSC-SC) vai, não só manter integralmente todo o acordo de reestruturação da dívida, como, também, as duas contrapartidas que foram demandadas pela União e aceitas pelos estados: a limitação do crescimento das despesas dos estados à inflação medida pelo IPCA nos mesmos termos da PEC para o governo federal e a limitação, por dois anos, de aumentos salariais a funcionários estaduais e de realização de concursos”, diz.

Segundo o ministro, as medidas serão eficientes para limitar o aumento da dívida pública. “Essa é uma questão fundamental porque evita que, daqui a alguns anos, venhamos a ter um novo processo de renegociação”, afirma. Ele admite, contudo, que a renegociação das dívidas não acaba com todos os problemas dos estados, assim como a PEC do teto de gastos não esgota o ajuste fiscal da União. Por isso, o governo apresentará, proximamente, o projeto para a reforma da Previdência.

Meirelles informa ainda que o governo enviará, até o fim do ano, ao Congresso um projeto para mudanças na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O principal ponto a ser discutido será a melhora na contabilização dos gastos com pessoal. As alterações devem englobar todas as esferas de governo. O ministro disse que viu a necessidade de mandar esse projeto em separado, devido à “contaminação” do debate sobre o tema. “Quanto mais rápido tudo for aprovado, melhor para o país”, diz.

Para compreender o pensamento de Maquiavel, por Romeu Karnikowiski*

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* Colaborador do Blog. Advogado, Mestre e Doutor pela UFRGS, Pós-Doutorado na mesma área. Foi colunista do Jornal A Hora. Professor da Pontifícia Universidade Católica. A partir da próxima semana o cientista político passará a escrever sobre o Tema: Eleições Municipais, com abordagem específica sobre Santiago e região. É reconhecido como um dos maiores intelectuais do país, especialmente devido sua pouca idade. 

Revolução do Pensamento Político
 Nicolau Maquiavel – Niccolò Machiavelli em italiano – efetuou uma verdadeira revolução copernicana na filosofia política com a sua concepção da verdade efetiva (verità effettuale). Ele refletiu e escreveu muito sobre assuntos de Estado, sem a metafísica tradicional, mas com base em um realismo até mesmo chocante, desnudando assim a fealdade da natureza humana, que até então era tida como essencialmente boa ainda que “decaído em pecado” tal como era posto pela teoria agostiniana da predestinação. É importante ressaltar já de início que as obras políticas antes dele, principalmente, entre outros, as de Platão, Aristóteles, Santo Agostinho, Santo Tomás de Aquino, Dante Alighieri e Marsílio de Pádua, foram escritas sob o estrito princípio do dever-ser, ou seja, na visão do homem como ele deve ser, enquanto que o realismo de Maquiavel estava calcado no princípio da verdade efetiva, ou por outra, descrever a ação política dos homens tal como ela acontece. Para aqueles filósofos a ordem política tinha a finalidade de elevar a qualidade moral dos homens sendo o bem máximo era a justiça. Maquiavel não desdenhou essa perspectiva, mas ele diferentemente daqueles autores, observou que as instituições políticas são construídas sob os vícios dos homens. Para ele os principados e as repúblicas nasceram dos vícios e da maldade e não da bondade e do senso de justiça dos homens. Por isso – ele observou e descreveu e não que ele aceitasse – muitos Estados (principados ou repúblicas) foram instituídos ou nasceram de ações moralmente repugnantes, mas que assim mesmo muitos deles foram estáveis, prósperos e muitas vezes justos em um sentido mais amplo. O fato é que a obra de Maquiavel marca definitivamente o divisor de água com a metafísica do realismo escolástico e a superação do nominalismo tradicional marcada pela ação individual do príncipe. Essa observação inicial, sublinhando a importância do princípio da verdade efetiva, é fundamental para se compreender o seu pensamento político e que na verdade vem a ser a pedra angular de toda a sua obra.     tendo a vida praticamente toda voltada para a atividade política tanto no seu aspecto prático como chanceler da sua cidade natal bem como estudioso e historiador assentado, entre outros, em dois livros políticos fundamentais: Discurso Sobre a Primeira Década de Tito Lívio e O Príncipe. Na primeira – publicada em 1532 – ele analisa as repúblicas e na segunda surgida em 1513, os principados ou monarquias e sobre o qual ancoramos este trabalho.

Maquiavel e a sua época



Nicolau Maquiavel nasceu no dia 3 de maio de 1469, em Florença, no coração da Toscana uma das mais aprazíveis regiões da Itália e morreu no ano de 1527. Outrora a Toscana era chamada de Etruria que foi o país dos etruscos, povo que deixou herança profunda na cultura romana. Florença atravessada pelo rio Arno é a cidade natal de Dante Alighieri (1265-1321), o poeta magno da Itália que sublimou na sua obraDivina Comédia o seu atavismo etrusco e de Petrarca (1304-1374), o Pai da Renascença, que embora tenha nascido em Arécio foi um típico florentino em seu universalismo inovador. Maquiavel – Machiavelli etimologicamente significa cravo ou prego – teve a “sorte” ou como ele mesmo escreveu a fortuna de viver no tempo em que transcorreram os seus 58 anos de vida, bem no auge da renascença italiana onde pululavam as criações de homens geniais como Donatello, Leonardo da Vinci, os Pico della Mirandola, Miguel Ângelo, Ticiano, Rafael Sânzio, Sandro Botticelli, Bramante, Pietro Bembo Francisco Guicciardini, Benvenuto Cellini, Ludovico Ariosto e Giambattista Gelli entre outros tantos. A península da Itália estava fragmentada em vários estados, divididos em repúblicas e principados, sendo que os cinco maiores e mais poderosos eram o Reino de Nápoles que abrangia todo o sul incluindo a Sicilia e a Sardenha constituindo assim o mais extenso deles; os Estados Pontifícios (Papais) que dominavam uma faixa transversal entre o Mar Tirreno e o Adriático; a República de Veneza no nordeste na curvatura norte do Mar Adriático; o Ducado de Milão no norte e a República de Florença encravada no centro da península. Milão um potentado primeiro da família Visconti e depois da Sforza, Veneza dos dodges e do senado e Florença da família Médici eram cidades-Estados, Nápoles era um reino sob o domínio dos aragoneses e os Estados Papais era uma espécie de reino com “monarquia eletiva” onde o papa era eleito pelo colégio de cardeais. Além desses havia vários pequenos potentados independentes, mas que eram títeres e muitas vezes dependentes e até mesmo dominados por um dos cinco maiores estados dentro do complexo e intrincado cenário político da Itália dos séculos XV e XVI. A República de Florença era governada desde 1434 pela família Medici – que significa médicos – constituindo a seguinte seqüencia até 1494 eles foram apeados do poder: Cosme, o Velho (1389-1464), que governou desde 1434 até a sua morte; seguido por seu filho Pedro, o Gotoso (1416-1469) que por sua vez foi sucedido pelo seu filho Lorenzo, o Magnífico (1449-1492) que governou entre 1469 e 1492 que em razão de sua morte foi sucedido por seu filho Piero de Medici (1471-1503) em breve e tirânico “reinado” de dois anos. Alguns dias antes dele fazer nove anos, no dia 26 de abril de 1478 eclodiu a conspiração dos Pazzi que abalou profundamente a cidade. A família Pazzi era rival dos Medici em prestígio e riqueza, mas faltava-lhe o poder político que a família de Lorenzo tinha. Então, no domingo de páscoa, os Pazzi em plena catedral de Florença, se arremeteram contra os Medici onde Lorenzo ficou ferido, mas seu irmão Giuliano veio a morrer. O atentado falhou e a população saiu às ruas para caçar os Pazzi. Em meio a carnificina, o arcebispo de Pisa, que era um Pazzi, foi enforcado e seu corpo ficou pendurado durante vários dias em uma das grandes janelas do Palazzo Vecchio (Palácio Velho). Depois desse atentado, o regime de Lorenzo tornou-se mais severo até a sua morte. Mas a queda dos Medici em 1494, deveu-se, sobretudo, a postura infame senão covarde diante do avanço do exército de Carlos VIII, rei da França, de modo que eles foram expulsos da cidade em novembro desse mesmo ano. É importante ressaltar que desde 1434, a despeito de ser politicamente e juridicamente uma república, Florença era de fato um principado dominado pela família Medici. Em dezembro de 1494, o frei dominicano Girolamo Savonarola, nascido em Ferrara em 1452, é elevado poder de Florença, com o apoio das tropas francesas do rei Carlos VIII, instaurando uma república radical, cujo moralismo cristão extremado, levou ao seu próprio esgotamento. O governo de Savonarola durou quase três anos apoiado amplamente por seus partidários denominados de piagnoni (resmungões) e terminou tragicamente em 23 de maio de 1498, quando ele foi enforcado e depois seu corpo foi queimado em praça pública por seus opositores chamados de arrabbiati(enraivecidos). Cinco dias depois, no dia 28 de maio, o jovem Nicolau Maquiavel é nomeado pelo Conselho dos Oitenta (Postulantes), como segundo chanceler. No dia 19 de junho ele é alçado à chefia da Segunda Chancelaria – posto denominado de Secretário – permanecendo nesse cargo por 14 anos, junto com os Dez da Guerra. Algum tempo depois, o bispo Piero Soderini assume como gonfaliere da república de Florença. A morte de Lourenço em 1492, a invasão do rei francês Carlos VIII com seu poderoso exército de mais quarenta mil homens que provocou a expulsão dos Médici de Florença, o início da longa e custosa guerra com Pisa em 1496 que se prolongou até 1509, o governo de Savonarola e os acontecimentos que resultaram de sua queda e morte, seguida da segunda invasão francesa pelo rei Luis XII e a posição dos Bórgias – destacadamente do Papa Alexandre VI e de seu filho César – nesse intrincado cenário político, provocou profunda impressão na formação e no espírito arguto de Maquiavel. Tempos depois a invasão das tropas imperiais de Carlos V, determinou uma longa guerra com o rei Francisco I da França pelo domínio da Itália. Na verdade ele pressentiu os efeitos danosos se senão catastrófico desses acontecimentos para o futuro político e econômico da península italiana. Maquiavel assistiu tudo, como uma testemunha ocular: no ínterim de trinta e cinco anos entre 1492 e 1527, a Itália foi sacudida por acontecimentos que mudaram profundamente a sua história até os dias atuais. Parecia que a fortuna em sua inconstância havia abandonado os italianos e os condenando a uma longa e infeliz decadência que os atormentou por quase três séculos. A Itália que é o berço do Renascimento e onde se multiplicavam a virtù dos condottierie dos homens geniais capazes de criar obras-primas na literatura, política, pintura, arquitetura e escultura, onde prosperava a riqueza e o comércio mais que em que qualquer outro lugar da Europa, subitamente, em tão pouco tempo vê tudo decair. A morte repentina de Lourenço, o Magnífico em 1492, com apenas 43 anos, parece ter desencadeado uma série de acontecimentos terríveis passando pelas invasões francesas e que culminará em 1527, com o sangrento saque de Roma pelos Landsknechte(lansquenetes), como eram chamados os mercenários alemães do Imperador Carlos V (que por ser Habsburgo era Imperador da Alemanha e Rei de Espanha ao mesmo tempo). Dois anos depois, em 1494, o rei francês Carlos VIII à frente de um formidável exército de mais quarenta mil soldados e vários canhões de bronze  uma inovação tecnológica revolucionária que mudou para sempre o papel da artilharia nos campos de batalha, pois antes os canhões eram feitos de ferro fundido que os fazia muitas vezes explodir junto com a guarnição – invadiu a península, sustentando a subida ao poder de Savonarola. Com a expulsão dos Medici, o frei dominicano implantou a república em Florença. Carlos VIII derrotou as forças da Santa Liga e avançou até Nápoles onde o seu exército foi contaminado por uma nova doença que os italianos passaram a denominar morbus galicum (doença francesa) e que depois ficou conhecida como sífilis. Na seqüencia ele foi derrotado na batalha de Fornovo (1495), abandonando a Itália. Savonarola, que subiu ao poder graças às armas francesas do rei Carlos VIII, segundo Maquiavel, cometeu graves erros no decorrer do seu governo, tais como dividir os florentinos entre os seus partidários que para ele estavam sob a determinação de Deus e os seus opositores que agiam por ordem do diabo. Assim ele construiu um abismo entre os seus seguidores, que se consideravam “puros” e “abençoados” por Deus e os demais florentinos de natureza corrompida e pecadora cuja única salvação era o próprio dominicano, de modo que ele não deu espaço para uma conciliação política. No capítulo VI de O Príncipe Maquiavel analisa a principal causa da ruína do dominicano: Nem Moisés, Ciro, Teseu e Rômulo teriam sido capazes de fazer suas próprias leis e instituições serem cumpridas ao longo de qualquer período de tempo se não estivessem preparados para forçar através das armas. Essa foi a experiência do Frei Jerônimo Savonarola, que falhou ao tentar estabelecer precocemente uma nova ordem de coisas quando o povo parou de acreditar nele, pois não tinha meios de manter os que acreditavam nele firmes em sua fé, nem fazer os descrentes acreditarem.(MAQUIAVEL: 2008, p.p. 80/81). Em suma, Savonarola foi um homem de virtude que subiu ao poder com as armas alheias – do rei francês Carlos VIII – mas caiu em desgraça porque não constituiu suas próprias armas. Savonarola governou Florença unicamente com seu carisma e quando esse dom foi colocado a prova pelos seus opositores, ele não dispunha de armas, ou seja, de próprio exército para a manutenção das instituições que ele mesmo criou. Assim, ele foi como tanto outros homens de virtude de outrora um profeta desarmado e por isso ele foi derrotado. Não se mantém boas leis sem boas armas. As invasões francesas protagonizadas pelos reis Carlos VIII em 1494 (por articulação de Ludovico Sforza e Girolamo Savonarola) e Luis XII em 1499 (por obra de Alexandre VI e de seu filho César Bórgia), desencadearam a decadência primeiro econômica e depois cultural da Itália que foi plasmada na guerra entre Francisco I, rei de França e Carlos V, imperador do Sacro Império (Alemanha, Áustria, Países Baixos e rei da Espanha) que fizeram da península o campo de batalha na década de 1520. Em meio às invasões francesas, exercia o papado em Roma, o espanhol Rodrigo Bórgia, sob o nome de Alexandre VI (1492-1503) e tinha quatro filhos com sua amante Vannozza Catanei: Juan de Gandia (1474-1497), César Bórgia (1475-1507), Lucrécia Bórgia (1480- 1519), Geofrey Bórgia nascido em 1482 e por último Giovanni Bórgia nascido em 1498. O Papa Alexandre VI foi um personagem fundamental nesses acontecimentos dramáticos que marcaram para sempre a história da península italiana. No capítulo XVIII, Maquiavel formula juízo sobre esse Papa:Entretanto, é necessário que um príncipe saiba muito bem disfarçar sua índole e ser um grande hipócrita e dissimulado, pois os homens são tão simples e se submetem tanto às suas necessidades imediatas que aos impostores nunca faltam os crédulos. Vou mencionar um dos exemplos mais recentes. Alexandre VI nunca fez nada, ou nada pensou, que não fosse para enganar e sempre encontrou uma razão para fazer isso. Ninguém teve tanta habilidade em assegurar, ou firmou seus compromissos com tantos juramentos e os cumpriu menos que o Papa Alexandre e, entretanto, ele sempre foi bem sucedido em suas fraudes, pois conhecia essa fraqueza dos homens. (MAQUIAVEL: 2008, p. 174). Mas foi César Bórgia, duque Valentino, que impressionou o espírito e a mente de Maquiavel de forma duradoura. Para Maquiavel ele poderia ter sido verdadeiramente o condottiere (general, comandante militar) que unificaria a península ou traria paz à mesma para o aproveitamento dos cidadãos e súditos dos potentados italianos. Mas a sorte ou as inconstâncias da fortuna não quiseram assim. Entre 1494 e o ano de 1522 ocorreu três ondas de invasões estrangeiras na Itália: as francesas dos reis Carlos VIII e Luis XII e depois nas décadas seguintes as guerras entre o rei Francisco I e o imperador Carlos V que fizeram da península os seus campos de batalha. Na verdade essas invasões eram em grande medida parte de articulações de príncipes italianos que buscavam apoio no estrangeiro para a afirmação ou consolidação de seus poderes. Entre 1499 e 1504, o rei Luis XII – por articulação do Papa Alexandre VI e de César Bórgia – novamente invadiu a Itália a frente de poderoso exército francês, em grande parte constituído dos temíveis lanceiros suíços. Naquele tempo os mercenários suíços eram temidos, não somente por sua capacidade militar, mas, sobretudo, por sua crueldade. É importante frisar que graças às armas francesas é que a estrela de César Bórgia brilhou e depois que os franceses foram derrotados nas batalhas de Garigliano e Cerignola pelos espanhóis do Grande Capitão Gonzalo de Córdoba e por conseqüência expulsos da Itália, ela se apagou definitivamente. Ao mesmo tempo Florença penava na sua interminável guerra contra a cidade rebelde de Pisa. Alguns anos antes, mais precisamente em agosto de 1499, a artilharia do famoso condottiere Paolo Vitelli bombardeava intensamente as muralhas da cidade rebelde derrubando parte considerável delas. As suas tropas avançavam para o assalto quando ele e seu irmão Vitellozzo Vitelli impediram – sabe-se lá até hoje porque razão – a tomada da cidade. Paolo Vitelli foi acusado de traição, na seqüencia ele foi capturado pelos emissários de Florença e levado à cidade que o contratou para ser julgado. Condenado a morte por traição ele foi decapitado no dia 1º de outubro de 1499. Maquiavel apoiou a decisão da sua cidade quanto ao destino de Vitelli. O que mais lhe impressionou na guerra contra Pisa foi a inconstância e indisciplina das tropas mercenárias nesse longo assédio. Certa feita, foi ordenado aos lanceiros suíços à serviço de Florença para marcharem contra a famosa infantaria espanhola do legendário Gonzalo de Córdoba. Acontece que entre os espanhóis também havia lanceiros suíços. Os suíços a serviço de Florença se recusaram a combater os seus compatriotas e desertaram. Além desse fato, havia sempre a indisciplina das tropas mercenárias que muitas vezes por falta ou mesmo pagamento atrasado, costumeiramente abandonavam as cidades que os contratavam sem qualquer pudor. Dessa forma, Maquiavel passou a ter a convicção de que Florença devia contar para valer com as suas próprias tropas, com soldados nacionais. Na Itália renascentista, praticamente todos os potentados utilizavam soldados mercenários nas suas guerras, realidade esta que Maquiavel queria superar com a sua idéia de tropas próprias recrutadas em Florença, trabalho do qual ele dedicou alguns anos de sua vida. Ele trazia esse aprendizado da antiguidade, especialmente de Roma. Acontece que os camponeses toscanos recrutados por Maquiavel fizeram aparecer os seus ressentimentos quando muitas vezes repugnavam combater por seus algozes senhores de Florença. Em 1509, finalmente, Florença consegue tomar a rebelde Pisa depois de uma dura e dispendiosa guerra que se prolongou por treze anos. Maquiavel, como chanceler, participou de várias missões diplomáticas tais como na França e na Alemanha até a queda da república em 1512 e o retorno dos Medici à Florença. As tropas da Santa Liga – uma aliança formada pelo rei de Espanha, Veneza, os Habsburgos e o Papa Júlio II – tiveram perdas graves na batalha de Ravena em agosto de 1512, mas o exército francês que cantou a vitória, teve a perda mais importante: do seu comandante De Foix. Não obstante, as tropas da Santa Liga avançaram determinando a queda da república florentina e de Soderini, que era estava ligado aos franceses, adiando, desse modo, as pretensões angevinas (Valois) na península. Assim, o gonfaloneiro Piero Soderini, no dia 1º de setembro, foi para o exílio em Castelnuovo. No mesmo dia os Medici entraram na cidade, liderados pelo cardeal Giovanni, filho de Lorenzo, o Magnífico. Givambattista Ridolfi, partidário da família, é eleito gonfaloneiro por 14 meses. O Conselho dos Dez da Guerra foi eliminado e a Chancelaria expurgada. Na seqüência Maquiavel caiu em desgraça, junto novos governantes, porque no início de fevereiro de 1513, um jovem chamado Pietropaolo Boscoli, inimigo declarado dos Medici, acidentalmente perdeu um pedaço de papel que continha vários nomes de possíveis conspiradores contra o novo regime. Esse pedaço de papel foi parar nas mãos dos novos governantes de Florença. Entre os nomes estava o de Nicolau Maquiavel que foi preso e torturado. Mas um acontecimento extraordinário para Florença, trouxe a liberdade, por anistia, para Maquiavel: no dia 11 de março de 1513, o cardeal Giovanni dei Medici é eleito o Papa Leão X, em sucessão a Júlio II que morrera no dia 20 de fevereiro. Quando a notícia da eleição do primeiro Papa de Florença chegou à cidade os seus habitantes soltaram fogos, repicaram os sinos por vários dias e os presos foram anistiados em meio a uma alegria contagiante (HALE: 1963, pp. 117-123). Nesse mesmo ano ele escreveu o seu livro mais famoso: O Principe. Na verdade, mais do que um manual de aconselhamento como se supõe, essa obra é o resultado das suas reflexões e experiências diplomáticas, políticas e militares. Nesse livro ele expõe seu pensamento advindo de quatro fatores: primeiro da sua vida pessoal enquanto testemunha ocular dos acontecimentos extraordinários que mudaram o curso da história da Itália a partir da morte de Lorenzo, o Magnífico em 1492, passando pelo governo de Savonarola, a ascensão e queda dos Bórgias, especialmente do condottiereCésar Bórgia, e pelas invasões francesas de Carlos VIII e Luis XII; segundo da sua vasta leitura dos clássicos, especialmente de Políbio de quem ele tirou a sua teoria cíclica e também dos historiadores romanos como Tito Lívio, Suetônio e Tácito; terceiro das suas atividades como chanceler nas suas missões políticas e diplomáticas junto à corte papal, à corte francesa, às alemãs e na elaboração dos tratados e por fim das suas experiências militares, principalmente decorrentes da longa guerra contra Pisa, onde percebeu como ninguém o perigo para os príncipes do emprego de tropas mercenárias devido a sua inconstância e indisciplina passíveis de seguidos amotinamentos. Maquiavel observou que os mercenários não tinham nenhum apego a nada, salvo ao seu soldo, sendo que várias vezes abandonavam os seus próprios chefes e, principalmente as repúblicas e os principados que os contratavam tanto por atraso de pagamento ou quando aparecesse outra causa mais rendosa e até mesmo por covardia. Não sem razão que ele se impressionou com a capacidade de César Bórgia de impor a disciplina e ao mesmo tempo ter devotamento dos seus soldados. O ano de 1512, com o retorno dos Medici e por conseqüência a perda do seu cargo de Secretário na Chancelaria da República de Florença, que lhe garantia a remuneração para sustentar a sua família, tem início a um longo período de atribulações, sempre lidando com a sua sobrevivência pessoal e de sua família, além de prisão e tortura em fevereiro e março de 1513. Não obstante, foi o período das suas grandes criações: O Principe (1513), Mandrágora (1518), Discursos (1519) e Da Arte da Guerra (1520). Nicolau Maquiavel, o homem que mudou o pensamento político, morreu tranquilamente no dia 21 de junho de 1527, tendo ainda tempo de ver os Medici serem novamente expulsos da cidade e a república ser restabelecida em Florença no dia 16 de maio desse mesmo ano.   

  
O Pensamento Político de Maquiavel


Embora Maquiavel jamais tenha usado a expressão “Os fins justificam os meios”, a sua reflexão sobre os assuntos políticos ele percebeu que ao longo do tempo, os príncipes e heróis que criaram instituições e fundaram estados, foram louvados quase que exclusivamente pelos seus resultados que pelos meios por quais empregaram para tais fins. Mas essa ilação é o resultado da revolução metodológica realizada pelo Secretário florentino quanto ao pensamento político, que para ele deve estar assentada na verdade efetiva, dessa forma atento às instituições e aos homens como eles são sem se preocupar como eles deveriam ser. Maquiavel percebeu que tanto a história do pensamento e bem como das instituições políticas estão assentados no princípio da eficiência dos príncipes e não da sua moralidade. Nesse sentido, torna-se importante ater-se em alguns conceitos duais do mestre florentino: virtù e fortuna, boa e má crueldade, profeta armado e desarmado e eficiência e moralidade. Cabe lembrar que virtù significa etimologicamente força, do latim vir donde derivam as palavras virtude, viril e varão. Daí que uma das qualidades fundamentais da virtù é a capacidade militar como deve ser de um condottiere. Maquiavel descreve vários exemplos de príncipes e heróis que encarnaram ou foram portadores das virtudes acima descritas. Moisés é o primeiro deles. Ele teve a sorte, (circunstância) de encontrar os hebreus sob o jugo dos egípcios, de modo que teve a virtù (capacidade)para reuni-lo para sua retirada à Terra Prometida. Por ocasião da sua descida do Monte Sinai, Moisés encontrou o seu povo adorando um bezerro de ouro. Em meio à crise que emergia ele teve que agir. Chamou ao seu lado os levitas, que era sua tribo, armou-os e mandou-os passar por todo o arraial para matar três mil adoradores do bezerro de ouro. Assim a crise foi superada e ele impôs as suas leis. Moisés teve a virtù de se tornar um profeta armado quando fez dos levitas uma espécie de sua polícia militar, que utilizou com eficiência da “boa crueldade” quando ordenou a matança no arraial hebreu, sem o qual teria sido impossível impor as suas leis (leis mosaicas). Mas, sobretudo, os grandes fundadores de Estados foram profetas armados e somente nessa condição é que eles conseguiram vencer. O caso mais evidente para Maquiavel, como já vimos, é o do Frei Savonarola que a despeito de seu carisma era um profeta desarmado, tal como Isaac Deutsch, alguns séculos depois, denominaria o revolucionário russo Leon Trotski (1879-1940). Os príncipes que fundam os estados novos, tanto principados bem como repúblicas, exercem seu poder mais sob o rigor das armas – força – do que o equilíbrio das leis. Os Estados em construção estão naturalmente mais sujeitos à violência dos príncipes do que os Estados já consolidados, pois aqueles têm que afirmar e fortalecer as suas instituições ao passo que nesses, as instituições já estão consagradas pelo povo. Rômulo jamais teria fundado Roma se não tivesse antes assassinado seu irmão Remo. A fundação de instituições tem sua própria lógica que não se coaduna com a moral. Ao que podemos afirmar que a violência é inerente à construção dos Estados. Nessa mesma linha, podemos afirmar que existiram, ao longo da história, dois tipos distintos de príncipes, além dos armados e desarmados: os instituidores ou instauradores tais como Moisés, Teseu, Rômulo, Clóvis, Maomé etc. que fundaram novos Estados e os consolidadores que afirmaram as instituições políticas existentes para a segurança e paz dos seus súditos. Os príncipes consolidadores, por sua vez, podem ser divididos em dois grupos: os administradores e os conquistadores que muitas vezes se confundem com os instituidores. Entre os primeiros estão o rei Salomão, os imperadores romanos Otávio Augusto César, Adriano e Antonino Pio, o rei francês Felipe Augusto, o rei inglês Henrique III e os Médici em Florença e entre os segundos o rei persa Ciro, Alexandre Magno, Júlio Cesar, o rei franco Carlos Magno e Gengis Khan entre outros. Maquiavel identificou em Cesar Bórgia, nomeado duque de Valentenois por Luis XII – duque Valentino para os italianos – um instaurador. Para o Chanceler florentino, César Bórgia tinha todas as virtudes de um príncipe instaurador: audácia entremeada de uma dose exata de crueldade, mantida sob a aparência de uma bondade infinita, inteligência aguda e grande capacidade política e militar. Dessa forma, César Bórgia seria o príncipe instaurador para unificar e construir uma Itália forte tal como muitos italianos tanto ansiavam?  Para Maquiavel na Itália do final do século XV e início do XVI, era o único homem na península que reunia a virtù de um príncipe instituidor. Nesse sentido, em 8 de novembro de 1502, Maquiavel escreveu o seguinte sobre César Bórgia: O duque não pode ser considerado como outros príncipes sem importância, mas deve ser visto como uma nova força na Itália. (HALE: 1963, p. 67). No capítulo VII de O Principe, Maquiavel analisa mais detidamente a figura de César Bórgia. A grande capacidade política e militar do duque Valentino, diferentemente de Francesco Sforza, estava assentada nas armas alheias, portanto, em pés de barro. A força de César Bórgia era aparente, pois ela estava calcada unicamente na sorte, independentemente das suas grandes qualidades militares e também políticas. Na mitologia grega-romana a Fortuna era a deusa da boa e da má sorte e era famosa por sua inconstância. Enquanto Sforza se valeu unicamente com seu valor (virtù) para ter o poder em Milão, o duque Valentino estava amparado no poder de seu pai Alexandre VI e no apoio das tropas francesas do rei Luis XII. E esse foi o prenúncio da desgraça: Alexandre VI morreu em 1503 e as relações políticas estabelecidas por ele no intrincado cenário italiano, determinaram a queda do duque Valentino, apesar deste ter feito tudo certo e não obstante possuir todas as virtudes necessárias a um príncipe instituidor que descrevemos acima. No entanto, para Maquiavel, César Bórgia cometeu um erro grave, mas que era próprio da sua nobre natureza: confiou na palavra de um inimigo que no caso era o recém eleito Papa Júlio II, um notório adversário do seu pai, quando era o cardeal Giulio della Rovera. Antes mesmo disso, o duque Valentino poderia ter impedido a eleição do cardeal Giulio della Rovera, mas não o fez muito em razão de sua saúde abalada, deixando um inimigo tornar-se Papa e auferir de poderes imensos. Sem falar que o cardeal Giuliano como Papa Júlio II se mostrou um militar notável que certamente mais tarde iria se defrontar com o duque Valentino. Giulio della Rovera sabia disso, por isso tratou de minar a força de César Bórgia. Assim a sorte (fortuna) abandonou miseravelmente o duque Valentino e como a sua força militar estava assentada na fortuna, a despeito das suas imensas virtudes, ele decaiu morrendo em combate com apenas 32 anos, próximo de sua esposa Charlotte d´Albret, irmã do rei de Navarra. Como vimos, não foi por acaso que César Bórgia exerceu um fascínio em Maquiavel que lhe seguiu pelo resto da sua vida, dotado de capacidade sem igual, mas cuja força militar era das armas alheias, sem o seu próprio exército, portanto, enquanto a sorte esteve do seu lado ele pode executar e exercer todas as suas qualidades de político e de militar. Segundo Maquiavel ele fez tudo certo, como um verdadeiro príncipe instaurador, mas as circunstancias que seguiram a morte do seu pai Alexandre VI, lhe foram fatal. Na Renascença, afirma o historiador suíço Jacob Burckhardt, o Estado é uma obra de arte. Assim como a arte renascentista é o resultado do trabalho de artistas de talento e genialidade, o Estado era concebido e instituído por príncipes (lideres políticos) que concatenavam a virtù e a fortuna. César Bórgia era um homem de virtù, um verdadeiro condottiere, mas foi derrotado pela má fortuna (má sorte). Skinner escreveu o seguinte sobre o malfadado destino do duque Valentino: “Por analogia, conclui que a moral a extrair da carreira de César Bórgia é que um príncipe deve sempre contar mais sua própria virtùdo que com os favores da Fortuna ao procurar ‘conservar seu estado’. Tendo adquirido o poder inteiramente ‘por meio da boa fortuna do seu pai’, César estava particularmente sujeito a perdê-lo tão cedo a sorte o desertasse. Isso, aliás, sucedeu com terrível presteza, de modo que ‘o que ele instituiu foi em vão’, e terminou a vida como uma presa ‘extraordinária e desordenada malícia da Fortuna’.” (SKINNER: 1996, p. 141.). A questão da Fortuna era tão cara a Maquiavel que ele dedicou um capítulo (XXV) de O Principe a estudar a influência da sorte nas coisas dos homens e como se pode lidar com ela. É importante ressaltar que o seu livro O Príncipe não é como aparentemente se mostra um receituário para a conquista e manutenção do poder, mas uma verificação arguta, dentro do seu método da verdade efetiva, como os Estados são instituídos e mantidos por príncipes capazes e virtuosos e como também eles são perdidos e arruinados por príncipes que não tiveram a virtude de assegurar a sua manutenção. Esse livro que Maquiavel dividiu em 26 capítulos pode ser repartido em quatro grandes partes: na primeiraestão os tipos de principados nos capítulos I, II, III, IX e XI; na segunda os modos de adquirir (conquistar) e governar (manter) os principados ou como os príncipes perderam seus Estados nos capítulos IV, V, VI, VII, VIII, X e XXIV; na terceira o tipo ou forma de forças militares usadas pelos príncipes para os seus desígnios nos capítulos XII, XIII e XIV e na quarta as qualidades essenciais de um príncipe e a forma como ele deve agir com o povo para evitar ser odiado por este nos capítulos XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXI, XXII, XXIII e XXVI sendo este último um capítulo especial onde ele exorta os italianos a se unirem contra os invasores estrangeiros da península, a quem o Papa Júlio II chamava de bárbaros. Maquiavel em linhas gerais reconhece apenas dois tipos de Estado: repúblicas e principados (monarquias). Essa classificação rompe com a tipologia clássica derivada da abordagem platônico-aristotélica de governo de um (monarquia), o governo de poucos (aristocracia) e o governo de muitos (politéia), com as suas formas corruptas: a tirania do primeiro, a oligarquia do segundo e democracia do terceiro. Norberto Bobbio salienta a imporância dessa classificação inovadora: “Maquiavel substitui a tripartição clássica platônica-aristotélica-polibiana por uma definição dual ou bipartida. Assim, as formas de governo passam de três a duas: principados e repúblicas. O principado corresponde ao reino; a república, tanto à aristocracia como à democracia. A diferença continua a ser quantitativa (mas não só quantitativa) e é simplificada: os Estados são governados ou por uma só pessoa ou por muitas. Essa é a diferença verdadeiramente essencial.” (BOBBIO: 1997, p. 84). Para Maquiavel os principados são de dois tipos: os hereditários e os novos, sendo que estes, por sua vez, podem ser também mistos. Os primeiros são mantidos, geralmente, por uma longa linhagem dinástica que mantém a sua estabilidade institucional. Os segundos, por serem novos, são mais problemáticos quanto ao seu aspecto constitucional, pois o novo príncipe tem que fundar instituições que devem estar ao máximo de acordo com o povo do principado. As formas pelas quais se conquista e se governa um principado é uma das mais importantes preocupações de Maquiavel, principalmente no que tange aos principados novos. Skinner escreveu que para Maquiavel havia duas vias principais pela qual pode se adquirir um principado: pelas qualidades da virtù ou pelo dom da fortuna, nesse ponto ele sempre lembra o caso de César Bórgia que adquiriu o seu principado (Estado) graças à boa fortuna e não pela suavirtù embora ele a tivesse muito. (SKINNER: 1996, p. 141). Sobre a inconstância da fortuna Skinner escreve o seguinte: O que o autor (Maquiavel) mais ressalta, porém, é o caráter instável da deusa, de que resulta ser louco todo aquele que confiar, por alguma duração de tempo, em seus favores. (SKINNER: 1996, p. 141). A par disso, a ação do príncipe deve ser tanto onesta, ou seja, baseada na honestidade bem como utile ou, por outra, com finalidades úteis para o seu povo (SKINNER: 1996, p. 140). Não resta dúvida que Maquiavel fosse tributário, ao menos metodologicamente, do nominalismo que a partir do século XIV com William de Occam (1285-1349) passou a predominar sobre o realismo na querela das universais. Não que ele fosse um nominalista acadêmico ou até mesmo soubesse que assim o era, mas quando ele salienta os valores individuais e a figura individual do príncipe por meio da verdade efetiva ele está sendo um nominalista. Durante muito tempo os filósofos realistas e os nominalistas se digladiaram na porfia das universais. Os primeiros afirmavam que os universais – conceitos abstratos – não são palavras vazias, mas constituídas de sentido e de existência própria. Por exemplo, o conceito de Homem era universal porque ele abarcava todos os homens, sendo que a diferença entre eles era apenas acidental como tamanho, cor, raça, densidade corpórea, etc. Assim, sapato, livro e outros conceitos de modo que as diferenças entre eles não alterava a substância sapato ou livro. O conceito de Estado não pode ser percebido por nossos sentidos, mas ele tem realidade em si, percebida pela razão. Esse era fundamentalmente o realismo extremo. Em oposição a essa visão o filósofo Jean Roscelino (1050-1120) defendeu que os universais eram sim palavras abstratas, meros nomes construídos por nosso espírito. Para contrapor ao argumento dos realistas Roscelino levantava a sua máxima: vejo o cavalo, não vejo a cavalidade. É como afirmar vejo a árvore não vejo a floresta. Assim, nasceu o nominalismo que foi levado ao nível de escola por William de Occam. Para o nominalista o que importava era a concretude da palavra árvore que ele via na sua frente e não o conceito abstrato de floresta que para ele não passava de um nome. O nominalismo dessa forma vai criar as vias para o desenvolvimento da ciência e do individualismo. De certa forma, a idéia de virtù somente pode avançar dentro dessa perspectiva criada pelo nominalismo. É importante frisar que para Maquiavel o conceito de Estado era uma instância concebida pelas ações concretas e individuais dos príncipes e nesse aspecto ele era um nominalista. A partir disso o príncipe deve necessariamente ter a virtù para conquistar e manter o seu Estado. Maquiavel observou que ao longo da história a força bruta tornou-se um dos elementos mais importantes da política, embora ela fosse sempre, por mil artifícios, ser dissimulada com discursos justificadores. A força bruta muitas vezes foi confundida com a crueldade o que de fato acontecia em grande parte das ações, mas isso não desfazia e nem degradava a iniciativa dos príncipes, como bem disse o Secretário florentino no capítulo XVII de O Príncipe de que a crueldade de César Bórgia reergueu e pacificou a Romanha. No capítulo VII de O Príncipe ao trazer o caso de Ramiro Lorque, tenente de César Bórgia, ele leciona como se deve manter a aparência de bondoso e generoso sob ações brutais, cultivando as virtudes tradicionais tão admiradas pelo povo. A meta do príncipe deve sempre buscar ser considerado pessoa honrada e conquistar o louvor universal. Nesse sentido, se ele não for virtuoso que pelo menos “seja tão prudente que saiba como escapar à má reputação que se prende a esses vícios que poderiam causar-lhe a perda do Estado.” (SKINNER: 1996, p.153; MAQUIAVEL: 2008, p. 155). Nessa linha, Maquiavel dita no capítulo XV de O Príncipe uma das mais importantes lições que o príncipe ou governante deve observar a qualquer tempo: o abismo entre o como se vive e o modo por que se deveria viver é tão vasto que quem desdenhar o que de fato se faz, para se preocupar com o que deveria fazer, aprende antes o caminho de sua ruína que o de sua conservação (SKINNER: 1996, p. 153). Por isso, todo homem ou governante que, em todos os aspectos, quiser levar adiante apenas o emprego da bondade, certamente ficará arruinado em meio a tantos que são maus (MAQUIAVEL: 2008, p. 154). Aqui está a verdade efetiva em sua plenitude e a máxima diferença de Maquiavel com os filósofos que pensaram Estados e sociedades como elas deveriam ser como Platão, Aristóteles e Santo Agostinho entre outros, mas como de fato os Estados e as sociedades se apresentam. Nesse sentido, é fundamental descortinar o véu das aparências construídas pelos discursos históricos e pelas religiões que acabam distorcendo profundamente a realidade efetiva. Sob os entulhos discursivos da história e da religião que ele examina as três virtudes fundamentais do governante nos capítulos XV, XVI, XVII e XVIII de O Príncipesem as quais ele corre sério risco de perder o apoio do povo e por conseqüência o Estado. Assim ele deve ter fama pela sua generosidade e não da avareza; segundo, ele deve ter a aparência de piedoso em vez de cruel e por fim, ele ter a qualidade de manter a palavra em vez de ficar conhecido como mentiroso ou embusteiro. No entanto, estas não são virtudes inerentes ao príncipe ou governante, mas tão somente úteis quanto ao propósito de assegurar o Estado, pacificar e tranqüilizar os seus cidadãos. Nesse aspecto são virtudes puramente baseadas na razão que de certa forma antecipa a teoria dos jogos e da escolha racional. Isso está expresso na sua análise exposta no capítulo XVII de O Principe onde ele subverte a questão clássica do príncipe ser amado pelo povo. O melhor, sem dúvida, é ser amado e temido, mas se não puder ser as duas, é melhor para o Estado que o príncipe seja antes temido do que amado. Aqui temos duas considerações que se desdobram no pensamento de Maquiavel: primeiro a virtù do príncipe destacadamente em usar as suas qualidades racionais para manter o Estado, sobretudo, as virtudes acima descritas, mas também ter a sabedoria de usar a força quando necessário tal como Moisés quando se valeu dos levitas como seu braço armado e a segunda, é que o Estado assume o caráter absoluto, a potência máxima da sociedade. Nesse sentido, Maquiavel antecipa Hegel na sua especulação de que o Estado é a realização suprema da razão no espírito objetivo e Max Weber quando este o define como monopólio da força física. É idéia da razão de Estado que tomava as suas formas definidas. A posição epistemológica de Maquiavel torna ainda mais evidente o seu realismo em uma época em que surgia muito forte a corrente do neoplatonismo (idealismo), enfeixada no pensamento de Pico della Mirandola. Assim, com base no seu livro O Príncipe o seu pensamento político desencadeou uma profunda mudança no modo de ver as instituições. Na verdade, o alicerce da sua revolução epistemológica na esfera do pensamento político esta na sua concepção de verdade efetiva que lhe permitiu estudar as instituições (Estados e governantes) tal como eles se apresentam e não como deveriam ser, que têm sua validade em outro campo do pensamento. Ele foi efetivamente o primeiro cientista político moderno ainda que pertencesse à esfera da filosofia política.            

(Artigo publicado originariamente em Leite Quente, Santa Rosa-RS)


BIBLIOGRAFIA
BOBBIO, Norberto. A Teoria das Formas de Governo. 10ª ed. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1997.
BURCKHARDT, Jacob. A Cultura do Renascimento Italiano. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
DUVERNOY, J. F. Para Conhecer o Pensamento de Maquiavel. Porto Alegre: L&PM Editores, 1984.
GRUPPI, Luciano. Tudo Começou com Maquiavel – As concepções de Estado em Marx, Engels, Lênin e Gramsci. 13ª edição. Porto Alegre: L&PM, 1995.
HALE, J. R. Maquiavel e a Itália da Renascença. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1963.         

LARIVALLE, Paul. A Itália no Tempo de Maquiavel. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.

LUCAS-DUBRETON, J. Os Bórgias. Lisboa: Estúdio Cor, 1961.
MACHIAVELLI, Niccolò. The Prince & The Art of War. London (England): Collector´s Library, 2004.
MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. São Paulo: Golden Books, 2008.
RIDOLFI, Roberto. Biografia de Nicolau Maquiavel. São Paulo: Musa, 2003.
SKINNER, Quentin. As Fundações do Pensamento Político Moderno. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
SKINNER, Quentin. Maquiavel. Porto Alegre: L&PM, 2010.

1ª Medalha de ouro do Brasil

Nina e sua expressão

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Hoje, contei exatos 416 desenhos de minha filhinha para mim. Tenho todos guardados. Para conviver com a falta, com a ausência e com a dor, fiz um mural em meu escritório, com algumas de suas artes. É tudo muito difícil para um pai ama sua filha, que teve tudo destruído e ainda é obrigado a conviver com a distância e a proibição. Em plena era do conhecimento e da sociedade da informação, poucos acreditam o que eu passo e sofro com essa privação pautada pela estupidez, maldade e vingança tola e sem sentido.


Hoje dei por encerrado todo o enredo, capítulos, eras, fatos, decisões do poder judiciário, pareceres da promotoria, defensoria pública, psicólogas, conselheiras tutelares, enfim, tudo o que envolve minha vida e a separação dela do meu convívio. O nome do livro será: NINA, Anatomia do assassinato paterno.

Também, separei algo em torno de 600 fotos, das quais meu sobrinho escolherá algo em torno de 90, que ilustrarão o livro junto com os desenhos, decisões e pareceres de dois Doutores em Psicologia e Psiquiatria infantil, ambos PHDs e integrantes do nosso Instituto.


Embora separados, no mundinho dela, sempre anda de mãos comigo, embaixo do arco-iris, embaixo do guarda-chuva, vivendo numa casinha fictícia, sob  o sol, enfim, é Nina e sua forma de expressão.

Como a vida anda para frente e é impossível retroagir  no tempo, já fazem dois anos que ela foi separada de mim, parte do seu direito de conviver com o pai foi tolido, assim como meu direito ao exercício da paternidade, sistematicamente surrupiado, de uma forma ou de outra, com um expediente ou outro. Dois grandes juristas analisarão o contexto jurídico do meu caso, em análise para compor o livro.



Sobre Pesquisas e metodologias

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Tenho andado na região por força do meu trabalho. Na tarde de ontem,  estive em Maçambará, onde reuni-me com um partido politico para apresentar dados sobre pesquisa eleitoral. Na volta, fomos até o Puitã, onde deixei a Nina em companhia dos avós. Mal chegando, apenas abasteci a camionete e segui para a cidade da Mata, mesmo assunto. Chegamos bem a tardinha em Santiago.

Estou com uma nova pesquisa reservada em Capão do Cipó e minha manhã, nessa sexta-feira, precisaria ter umas 10 horas. Sábado vou a Ijuí, onde tenho reunião com um estatístico (mas sobre isso, falo depois).

Eu já concorri, em 2008, aqui em Santiago e posso assegurar que a corrupção eleitoral foi praticamente inexistente. Entretanto, estou alarmado com a facilidade com que os partidos estão fazendo jantas, churrascos, patrocinando bebedeiras, tudo aberto, com convites diretos aos eleitores das regiões; sei que nossas autoridades aqui da 44ª zona eleitoral são decentes, sérias e honradas; ademais, nem tem como saberem dessas malandragens que invadiram a região. É um verdadeiro deboche o que os partidos estão fazendo. Só acho que a imprensa devia fiscalizar mais e as pessoas que apostam na lisura do pleito, deviam denunciar isso a justiça eleitoral e ao ministério público. E esses, com certeza, investigam tudo o que lhe chega às mãos.

Sábado, já escalei uma amiga para cuidar (fotografar) a famosa camioneta que distribui ranchos pela cidade. E não adianta me jogarem contra as pessoas beneficiadas pelo esquema, como já fiquei sabendo. Se eu tivesse medo, não seria jornalista.

Por outro lado, acho que a lei eleitoral que regula as pesquisas e enquetes tem uma grande falha, pois ao disciplinar as pesquisas e impor uma série de pré-requisitos para sua eventual publicação, acabou liberando as enquetes, desde que publicadas informações relativas ao caráter não científico de sua metodologia, campo amostral...

Meu currículo do curso de sociologia contém todas as cadeiras de pesquisa e estatística que cursei. Fui aluno de Darnis Corbelinni, em 1986, um dos maiores especialistas em pesquisas, à época, em nosso Estado. Até acho que sou a única pessoa, dentro de Santiago, que cursou cadeiras de pesquisas e estatísticas e tem-nas registrado em seu currículo acadêmico. E confesso que fiz minhas primeiras pesquisas nos meados dos anos 80, já como parte do laboratório ... estudei estratificações sociais, classes, camadas, estamentos, categorias, demografia, população e desenvolvimento ... por tudo, sinto que muitas pessoas não sabem bem a diferença entre enquete e pesquisa; e não poderia ser diferente.

Lembro-me bem, no curso de sociologia, o terror dos acadêmicos eram as cadeiras de estatísticas...não é uma coisa simples.

O que acontece, então, é que no Rio Grande do Sul, os veículos de comunicação estão mesmo, na prática, é fazendo pesquisas e dando a elas o nome de enquetes, apenas contendo as instruções legais reservadas às enquetes.  

Ademais, o caráter não científico dessas, deriva-se justamente de não usar os pressupostos metodológicos das Pesquisas .Agora, cá entre nós, usar os pressupostos metodológicos de Pesquisas e mudar a demoninação dessas para enquetes, é complicado, para ficar nisso!!!

Eu aprendi que enquetes tinham um caráter restrito, por exemplo, ouvir os alunos de uma sala de aula, ouvir os moradores de um único bairro, ouvir somente os professores de um município, ouvir somente uma categoria profissional (por exemplo, entrevistar somente os advogados de Santiago), ouvir somente os ouvintes de um programa de rádio...a enquete não tem caráter científico, não tem campo amostral delimitado e nem as amostras são tomadas quantitativamente ou qualitativamente, nesse último caso obedecendo os critérios de renda, sexo, escolaridade e idade. .

Contudo, se no método qualitativo, esses critérios são relevantes, os mesmos deixam de ser quanto estamos diante do método quantitativo, onde as amostras deixam de obedecer esses critérios e passam apenas a se guiar pela quantidade de amostras colhidas.

Agora, mesmo que se diga que se esteja fazendo uma enquete e colhem-se as amostras por quantidade, com delimitação do campo amostral, ainda por cima citando os bairros e o número de amostras colhidas por bairros, induzindo tratar-se de proporção, ora, ora, ora, isso é pesquisa quantitativa pura e simples e jamais uma enquete, repito,  mesmo que se diga tratar-se de enquete. Pessoalmente, não creio que isso seja apenas uma questão semântica, pode ser para quem não bem a diferença uma coisa e outra.

E mesmo as enquetes precisam apresentar, por exemplo, o percentual de indecisos, brancos e nulos, como assim acontece em todas as pesquisas feitas Brasil afora...e mundo afora.

Na medida em que se aproximam as eleições, surgem também os debates sobre enquetes e pesquisas eleitorais. Vou fazer algumas observações, oferecer um modelo de metodologia aos interessados.

INSISTO: Pesquisas prévias, a rigor, não querem dizer nada, basta lembrarmos a pesquisa CEPA-UFRGS, em 2002, meses antes do pleito, onde Britto e Tarso apareciam com 44% e 42%, respectivamente, e Rigotto, do PMDB, aparecia como apenas 4%. O resultado todos já sabem, Rigotto venceu e Britto não alcançou 13% dos votos. Ademais, as pesquisas são profundamente marcadas por erros e estes são bem conhecidos de quem acompanha pesquisas, cito o caso Marroni x Anselmo em Pelotas, aquele fatídico erro do CPCP que colocava Britto, Vilela e Carlos Araújo na frente de Olívio Dutra e, ao escrutinar as urnas, Olívio venceu todos juntos. Temos um caso célebre, em Fortaleza, onde Maria Luíza Fontenelle, do PT, onde tanto o GALLUP quanto o IBOPE a colocavam em último lugar e ela venceu o pleito a despeito de todas as projeções erradas. Em suma, são inúmeros os casos de erros e que demonstram que o valor da pesquisa, enquanto indutor de tendência, é questionável.

O método ideal para a análise científica de auscultar uma dada população seria interrogar a todos, isto é, atingir a amostragem do chamado universo. Sendo impraticável tal sistema, recorre-se a uma técnica chamada de investigação parcial. Seleciona-se um segmento representativo do eleitorado através de amostragens casuais, que garante iguais probabilidades de escolha a todos os votantes, sendo que a sorte e o acaso indicam os que vão compor a amostragem.

Ademais, a formação do grupo de controle que reflita exatamente na proporção devida das tendências de um eleitorado é tarefa técnica extremamente complicada, razão pela qual o princípio da amostragem casual deve corresponder ao sistema de amostragem estratificada tanto quanto possível. Se tal não for possível, deve-se incluir pesos de alguns fatores variáveis e esses fatores devem refletir-se na amostra, por exemplo, situação sócio-econômica, sexo, idade, escolaridade, religião, entre outros. Uma amostra típica deve compreender distribuição adequada que leve em consideração o seguinte: 1 – zona rural e urbana na mesma proporção dos dados oficiais do censo do IBGE; 2 – grupos de diversas idades; 3 – pessoas dos dois sexos; 4 – eleitores de diversos níveis econômicos, a saber, alto, médio e baixo e, em qualquer dos casos, é imperativo demonstrar a porção do eleitorado a ser inquirido o critério de proporcionalidade. Assim sendo, as amostragens de áreas e de quotas são os dois processos mais comuns.

Como fazer uma pesquisa eleitoral qualitativa correta em Santiago?

200 amostras, sendo 52% de mulheres e 48% de homens. Dessas, colher entre 9% e 11% meio rural, igualmente estratificado pelo critério de sexo, renda, idade e escolaridade. A seguir, dividir as amostras por idade, de 16 a 20 anos, de 21 a 25, de 26 a 33, de 34 a 50 anos, e acima de 50. Para se obter o percentual aproximado da investigação se busca proporcionalidade nos dados oficiais, por exemplo, falando em hipótese, se 36% da população tem acima de 50 anos, usa-se o percentual de 36% para balizar a proporcionalidade das amostras por idade e assim sucessivamente. Acerca da instrução, que também deverá ser estratificada em razões proporcionais, precisa-se antes balizar as amostras entre os níveis de ensino, sendo o primário, fundamental, médio, superior incompleto e completo e variância de 12% com pós-graduação em qualquer nível. Por fim, quanto ao nível econômico, procura-se balizar por níveis de renda, por exemplo, até um SM, acima de um e até dois, acima de dois e até três, acima de três e até seis e acima de seis e até dez e acima de dez. Nesses casos, o intervalo de confiança será de 90% e a margem de erro possível e admissível 3% para mais ou para menos.


Como fazer uma pesquisa eleitoral quantitativa correta em Santiago?

As sucessivas auscultações feitas em Santiago padecem de rigor científico. Entretanto, a melhor saída quando não se dominam tais processos metodológicos, é fazer uma colheita de amostras por quantidade, ou seja, delimitar algo em torno de 800 pessoas, dividi-las por sexo, sempre obedecendo o percentual 52% mulheres e 48% homens. Nessa hipótese, a quantidade tentará se sobrepor à qualidade, resultando daí uma tendência aceitável.

(texto não revisado)
Desejo a todos uma boa sexta-feira - Escrito dia 09 de agosto de 2012
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